.Por Rafael Martarello.

Na noite de domingo (19/12), uma criança negra de aproximadamente 12 anos de idade foi apreendida por funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo na Estação Tatuapé.

(imagens/montagem rafael martarello)

Pelo testemunho do rapper, após os guardas pegarem com força a criança perto das catracas, os mesmos começaram a encaminhá-la para uma área de acesso restrito ao público. O rapper Nego Mancha, que inclusive já foi notícia aqui, viu a movimentação e perguntou o que iriam fazer com a criança, obtendo como resposta: “o que eu quiser”.

O músico, constatando a atitude desumana, decidiu agir e ao se aproximar de um espaço de acesso restrito, encontrou a criança no chão sem shorts. Neste momento o rapper pediu para cessar as agressões, mas um guarda tentou agredi-lo, sem sucesso. Após isso, vários guardas apareceram e fizeram o uso do spray de pimenta nos olhos do rapper.

Neste momento, a companheira do rapper inicia as gravações que denunciaram e contestaram a postura dos agentes do Metrô.

No vídeo é possível ver um dos agentes acusando o músico de ser ladrão e ter invadido espaço proibido; que não é proibido quando está ocorrendo um delito. Ao ser questionado sobre suas alegações, o mesmo agente de segurança gagueja e muda de versão. Aqui é o exemplo claro do modus operandi e da confiabilidade da fé pública dos agentes de segurança que facilmente acusam jovens negros a torto a e direita.

Importante ressaltar que o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, proíbe qualquer violência contra crianças. Que pelo Código de Processo Penal, atribuir falsamente crime (Art. 155 ao Art. 157) é crime de calúnia (Art. 138), que é crime cometer Lesão Corporal (Art. 129), que pela característica do vídeo contra o músico, pelo Art. 145, independe de queixa, e no caso da criança tem ampliação de pena. Além disso, ainda que a Justiça seja cega, qualquer um pode ver a configuração do Abuso de Autoridade neste evento.

No vídeo, um dos seguranças do Metrô questiona o rapper sobre ele tomar partido sem saber o que aconteceu. Aqui é importante deixar claro, no momento que há uma ação que pode ter sido motivada por racismo, que covardemente agride uma criança, que potencialmente atenta contra a vida de um jovem negro é mais que um dever, é um ato humano não se acovardar e tomar posição.

O agente do Metrô que não toma esse lado prevarica, os cidadãos que apenas olham consentem a violência racial que anualmente mata dezenas de milhares e aprisiona dezena de milhares anualmente jovens negros e pobres.

O rapper Nego Mancha é um herói: impediu a provável sessão de tortura que é o que ocorre quando seguranças levam suspeitos para “área reservada”; impediu que a criança fosse para o sistema carcerário por meio das prováveis acusações ilibadas (legitimadas pela fé pública), afinal, é o que eles querem: mais um pretinho na FEBEM.

Veja vídeos:

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