A premiada Cia. Gravitá, referência brasileira em acrobacias, estreia “Incorpóreo”, a nova montagem da trupe, em cartaz sexta-feira (25/11), às 14h e às 20h, e domingo (27/11), às 19h, no Centro Cultural Casarão, em Campinas (SP). Os ingressos são no chapéu (contribuição espontânea da plateia). O espetáculo circense foi pensado não só para assistir, mas para sentir e ver por meio de palavras, contando com recursos de audiodescrição para alcançar todos os olhares possíveis.
Contemplada pelo ProAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo), a partir do Edital Expresso 10/2021, a temporada de Incorpóreo também passará por Mogi das Cruzes (SP). Detalhe: todas as apresentações serão seguidas por um bate-papo com o elenco do espetáculo, formado pelos acrobatas Alessandro Coelho, Débora Ishikawa e Murilo Toledo.
Sob a direção de Esio Magalhães, do Barracão Teatro (Campinas/SP), a montagem, que busca explorar outras dimensões que permeiam a arte circense, extrapolando as tão reconhecidas virtuoses visuais, propõe o casamento da acrobacia com a audiodescrição com um intuito bastante nobre: tratar de maneira poética todas as sensações dos movimentos.
“A proposta de fazer um espetáculo com audiodescrição resulta em uma sobreposição de novas linguagens para tocar o público. Não se trata de um espetáculo de números acrobáticos, mas a utilização da acrobacia para abordar um tema instigante: o que é incorpóreo. Esse é justamente o destaque da montagem: a comunicação sensorial com os espectadores”, avalia o diretor.
O resultado tem forma e sopro de acessibilidade. Afinal, como destaca a acrobata Débora Ishikawa, tal inclusão não beneficia somente pessoas com deficiência visual. Pelo contrário, pessoas com outras deficiências e idosos também são presenteados. “A acessibilidade é mais do que necessária. Ela é urgente. É necessário garantir a todas as pessoas o acesso à cultura, ao lazer e à educação. Da mesma forma, ela se faz necessária para que todos entendamos que não é a deficiência que limita as pessoas a frequentarem e a desfrutarem de determinados espaços, mas a falta de recursos e de pessoas capacitadas”, avalia Débora.
Para cumprir a sua missão estética e inclusiva na cena, o espetáculo coloca o corpo do trio de artistas à prova, a partir de um jogo dinâmico de movimentos acrobáticos individuais e coletivos. A base para a construção vem da técnica circense tradicional da mão a mão. “O corpo é explorado nas suas mais diversas capacidades motoras. Dessa forma, o espectador também poderá perceber a acrobacia como uma potente ferramenta narrativa”, completa o acrobata Murilo Toledo.
E qual o fio da meada da narrativa? Um spoiler: Incorpóreo é um espetáculo construído para falar de tudo o que não se vê, do etéreo e dos sentidos que não são percebidos pela visão. “Os corpos que habitamos foram forjados em histórias e experiências que são, muitas vezes, invisíveis a outros. Essas vivências, experimentadas por nossos corpos, são o nosso verdadeiro ser, transbordando a nossa imagem. O espetáculo fala sobre isso: histórias e experiências que experimentamos e que só a nossa individualidade pode dizer o que de fato foram e como nos transformaram”, conta Alessandro.
Ao final do espetáculo, qual sensação a Cia. Gravitá gostaria que a plateia levasse para a vida? A resposta vem em uníssono: “Esperamos que o espetáculo toque e traga novas leituras das capacidades do corpo e das poesias que ele escreve”, destaca o trio de acrobatas.
A audiodescrição
Para executar a tradução visual do espetáculo, profissionais especializados da audiodescrição foram convocados ao projeto. São eles: Bell Machado, Coordenadora de Acessibilidade e Audiodescrição, Rafael Braz, Consultor de Audiodescrição, Bruna Tonso, Audiodescritora, e Emanuelle Alckmin, Colaboradora em Audiodescrição.
“Durante o espetáculo, traduzimos, por meio das palavras, o conteúdo dos movimentos e as formas de expressão de cada um dos corpos. Também é importante descrevermos a iluminação projetada sobre os acrobatas, pois ela fornece o clima da cena e dirige o olhar do espectador. O objetivo do recurso de acessibilidade da audiodescrição é ampliar o entendimento do espectador com deficiência visual, que acaba tendo ressonâncias também no espectador que enxerga. Criam-se, desse modo, novas possibilidades de desenvolvermos novas relações simbólicas, tão importantes para a fruição estética da arte”, explica Bell.
A Cia. Gravitá
Juntos desde 2009, Alessandro Coelho e Débora Ishikawa trabalham como dupla de mão-a-mão em diversas companhias, como a Noite da Rose, Cia. Diálogos Acrobáticos, Los Circo Los, Troupe Guezá e Coletivo Lateral.
Em 2017, fundaram a Companhia Gravitá com o intuito de pesquisar o circo e suas transversalidades de linguagem. Desde então, já foram contemplados com o Prêmio ProAC, do Governo do Estado de São Paulo, em 2018, 2019 e 2020.
Também participaram de importantes eventos, como o Festival Internacional SESC de Circo (SP), o Festival Paulista de Circo (SP), o Festival de Circo do Brasil (PE), o Festival Internacional de Circo do Ceará (CE), a Mostra SESC de Culturas Cariri (CE), o Festival de Circo Social de Toledo (PA), o Festival de Circo de Campo Mourão (PA), o Festival Intercâmbio de Linguagens (RJ) e o Festival de Artes de Rua de Arouca (Portugal).
Premiados no II Festival Internacional de Circo, destacam-se pelo alto nível técnico aliado à poética da gestualidade.
Ficha Técnica
Concepção: Companhia Gravitá
Direção artística: Esio Magalhães
Dramaturgia: Companhia Gravitá, Murilo Toledo e Esio Magalhães
Elenco: Alessandro Coelho, Débora Ishikawa e Murilo Toledo
Desenho de luz e Técnico de luz e som: Francisco Barganian
Figurino: Helen Quintans
Direção musical e trilha sonora: Guilherme Padilha
Coordenação de acessibilidade e Audiodescrição: Bell Machado
Audiodescrição: Bruna Tonso
Consultor de audiodescrição: Rafael Braz
Colaboração | Audiodescrição: Emanuelle Alckmin
Designer Gráfico: Otavio Fantinato
Redes Sociais: Miguel Von Zuben
Assessoria de Imprensa: Tiago Gonçalves
Registro audiovisual: Edgar Ishikawa
Produção Executiva e assessoria administrativa: Ju Kaneto
Classificação: Livre
Duração: 45 minutos
Incorpóreo, da Cia. Gravitá
Quando: Sexta-feira (25/11), às 14h e às 20h, e domingo (27/11), às 19h
Onde: Centro Cultural Casarão (Rua Maria Ribeiro Sampaio Reginato, s/n, Barão Geraldo, em Campinas/SP)
Quanto: Ingressos no chapéu (contribuição espontânea da plateia)
Informações: @ciagravita
(Carta Campinas com informações de divulgação)