A artista visual Angela Kleiman apresenta suas obras de arte em linguagens contemporâneas em mostra individual no Subsolo – Laboratório de Arte, que poderá ser vista a partir das 12h do próximo sábado, dia 3 de setembro de 2022. A curadoria de Andrés I. M. Hernández traz livros de artistas, fotografias, gravuras, aquarelas e colagens para o espaço cultural que está localizado na rua Proença, 1000, em Campinas, São Paulo.
A partir de um mix de conhecimentos e sentimentos sobre livros, em particular seus livros de artista, é que as obras de arte de Angela Kleiman são criadas. Proveniente da Linguística, professora aposentada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mas que permanece como colaboradora do Instituto de Estudos da Linguagem, é possível pensar que essa interdisciplinaridade chegue ao que a própria artista diz: “Do livro ao livro – um percurso pelas artes” quando vemos seus livros de artista e, talvez, possamos mergulhar em sua pesquisa artística para descobrir suas raízes e fronteiras.
Kleiman transita por linguagens diversas na arte. Ora é a fotografia, ora a aquarela ou a colagem, o que parece lhe dar suporte para expor aquilo que engendra em seu processo criativo. Para Hernández, que trabalha pela segunda vez com a artista, “Kleiman constrói narrativas verbo-visuais” que se estruturam em um espaço que sugere ao espectador as variações de leituras e apropriações no conjunto de modalidades artísticas contemporâneas que serão apresentadas na exposição. “Os livros de artista aparecem como esculturas, como instalações em um diálogo conceitual da construção do espaço sobre a representação do tempo e sobre convergências e incongruências conceituais”, conclui Hernández.
A artista nos dá conta que foi percebendo as aquarelas, colagens, desenhos como técnicas “postas a serviço de criações ou intervenções em livros de artista que emergiam como ‘o’ elemento duradouro, permanente, nessa travessia que se assomava no horizonte desse mundo novo no que queria entrar – a arte”, como observa. E é no livro de artista, no livro ilustrado, no caderno de pesquisa, no caderno de viagens que está o elo com o seu passado na Universidade que a remete à sintaxe, semântica, forma, conteúdo, que tão bem conhece.
Em uma autoanálise, Kleiman comenta o seguinte: “venho de uma área onde o livro é consagrado como objeto sagrado, intocável; uma pesquisadora que faz ouvido surdo ao verso de Pablo Neruda, poeta conterrâneo laureado: “Qual foi nossa vitória? / Um livro/um livro cheio/de contatos humanos”. É ruptura e subversão, mas também continuidade”.
Angela Kleiman
A artista visual iniciou na arte frequentando cursos em ateliês e escolas após se aposentar. Ela lembra que no ensino fundamental e no médio nunca teve aulas de arte e passou boa parte da vida com o desejo oculto de pintar e desenhar. “Só satisfiz (o desejo) quase meio século depois, quando me aposentei. De certa forma procurava resgatar memórias de meu pai, que desenhava muito bem e muitas vezes fazia ilustrações em pedacinhos de papel, hoje todos perdidos”.
Kleiman já expôs em outras ocasiões, como a escola de artes em Campinas montou um local somente seus livros produzidos durante os dois anos de curso, enquanto os outros alunos ficaram em outro espaço. Ela também participou de uma coletiva com 11 alunos artistas chamada “Infinito em Nós.” Portanto, essa não é sua estreia, mas nessa exposição concentra-se sua pesquisa já madura.
(Carta Campinas com informações de divulgação)