Em São Paulo – Nos dias 21 e 22 de setembro (quarta e quinta, às 19h), o teatro do Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo recebe o espetáculo As Conchambranças de Quaderna – O Caso do Coletor Assassinado, montagem paulistana da obra de Ariano Suassuna (2927-2014), integrando a Programação Especial da exposição 50 anos do Movimento Armorial.

Celebrando também os 95 anos de Suassuna, uma série de atividades complementam a exposição sobre o Movimento Armorial (criado em 1970), que ocupa todo o prédio do CCBB SP até 26 de setembro. Os eventos especiais apresentam e recriam a atmosfera de compartilhamento de ideais e a efervescência cultural da época, capitaneada por Ariano Suassuna e os artistas envolvidos.
Dirigida por Fernando Neves, a montagem da Cia. Vúrdon de Teatro Itinerante e Beijo Produções Artísticas, traz o universo fantástico de uma farsa de circo sertaneja com pitadas de pura realidade cômica. Suassuna transporta para o palco o personagem Pedro Dinis Quaderna, de seu Romance d’A Pedra do Reino, lançado em 1971, em Recife, um ano após o lançamento do Movimento Armorial. Portanto, Quaderna completou 50 anos, em 2021, quando o espetáculo estreou em São Paulo. Trata-se de uma comédia de caráter popular e diálogo direto que une a estética sertaneja, inspirada no romanceiro nordestino, do trovador ibérico, ao circo-teatro que tanto fascinava Ariano, para apresentar os imbróglios de Quaderna.
Na direção, Fernando Neves, mestre no ofício do circo-teatro, conta com a colaboração do artista plástico Manuel Dantas Suassuna, na criação visual da obra e nas pinturas exclusivas dos telões do cenário, com figurinos assinados por Carol Badra e criação musical de Renata Rosa (cantora, compositora e rabequeira). E dando vida à brincadeira teatral está um elenco de atores/cômicos: Jorge de Paula, Fábio Espósito, Guryva Portela, Henrique Stroeter, Carlos Ataíde, Bruna Recchia e Abuhl Júnior.
“Conchambrança” é uma corruptela de “conchamblança”, que significa conchavo, combinação. Foi na forma de “conchambrança” que Suassuna ouviu a palavra pela primeira vez, no sertão da Paraíba (Carlos Newton Jr). Forma que se ajusta perfeitamente ao universo da peça, uma vez que o protagonista Quaderna (interpretado pelo pernambucano Jorge de Paula) conta suas lembranças em narrativa direta.
A peça completa é formada por três imbróglios em que Quaderna toma parte, fazendo uma série de conchavos para resolver situações, tirando proveito de tudo e de todos como é esperado de um bom pícaro. Devido ao distanciamento social imposto pela pandemia, esta montage traz somente o primeiro ato: O Caso do Coletor Assassinado. Quaderna usa sua astúcia para driblar as tensões entre o sertão e a cidade para resolver uma crise política entre o governo do estado da Paraíba e o seu Padrinho e protetor Dom Pedro Sebastião (líder da oligarquia rural), durante as investigações sobre um “suposto” desfalque dado pelo coletor de impostos da cidade.
Na versão para o teatro, Suassuna traz uma das facetas do seu Quaderna: alma de palhaço de circo popular, um rei lunático do sertão, astrólogo, intelectual sertanejo e imperador do Sete-Estrelo do Escorpião. O Quaderna do palco é divertido e sedutor, combinando os arquétipos das manifestações e brincadeiras populares e do povo sertanejo. Com humor ácido e preciso, a peça é uma obra rica e delirante que fala para todos. O texto envolve a plateia em um jogo de ‘sobrevivência’, com truques para driblar as armadilhas e com astúcia para sobreviver. Quaderna – rei e palhaço – é um personagem rico de personalidade megalomaníaca e exuberante, autoproclamado imperador, um verdadeiro pícaro e gracioso palhaço de circo popular.
A concepção de Fernando Neves é uma reinterpretação do circo-teatro, uma junção do circo-teatro com a obra de Suassuna. O diretor ressalta que no eixo da encenação está o protagonista com seu tipo e temperamento. “A questão técnica deve ser preciosa na composição do ator: tempo e ritmo são fundamentais para o protagonismo de cada cena”, comenta. A trilha sonora confere o espírito festivo à peça. A música, segundo o diretor, é o chão para as personagens, potencializa os dramas e as sonoridades incidentais ajudam a revelar emoções, sensações e reações. “A peça é como uma partitura. A música no circo-teatro cumpre funções importantíssimas. É tema das personagens, cria o clima das cenas e dá o ritmo e o tempo para a atuação, revelando estados emocionais e ligando as situações que preparam o público para o final”, afirma. O cenário com painéis de traços e elementos característicos da cultura popular do nordeste, ambienta as cenas no universo visual de Ariano Suassuna. “Tivemos a sorte de contar com o talento de Dantas Suassuna, alguém que vive e faz essa cultura que estamos abordando, que nasceu inserido nela”, comenta o diretor.
FICHA TÉCNICA – Texto: Ariano Suassuna. Direção: Fernando Neves. Elenco por ondem de entrada: Jorge de Paula, Fábio Espósito, Guryva Portela, Henrique Stroeter, Carlos Ataíde e Bruna Recchia. Músico ao vivo: Abuhl Júnior. Cenografia: Manuel Dantas Suassuna. Assistência de cenografia: Guryva Portela. Trilha sonora: Renata Rosa. Pinturas e desenhos exclusivos para a montagem: Manuel Dantas Suassuna. Cenotecnia: Marcos Tadeu e Marcelo Andrade. Figurino e adereços: Carol Badra. Assistência de figurino: Bruna Recchia. Costureira: Maria José de Castro. Criação de luz e operação: Rodrigo Belladona. Identidade visual peças gráficas: Ricardo Gouvêia de Melo. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Fotos: Erik Almeida. Produção/Idealização: Beijo Produções Artísticas e Cia Vúrdon de Teatro Itinerante. Estreou em: 18/10/2021.
Espetáculo: As Conchambranças de Quaderna – O Caso do Coletor Assassinado
Datas: 21 e 22 de setembro, 19h – Teatro
Valor: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada).
Ingressos na bilheteria do CCBB e no site bb.com.br/cultura
Local: Teatro (120 lugres)
Gênero: Comédia. Duração: 55 min. Classificação: 10 anos.
Instagram: @quadernasuassuna | Facebook: @asconchambrançasdequaderna
Exposição: 50 anos do Movimento Armorial
Entrada gratuita. Até 26 de setembro de 2022. Classificação: Livre.
Todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças.
(Carta Campinas com informações de divulgação)
Discover more from Carta Campinas
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




