A Confraria da Dança, grupo sediado em Campinas há 26 anos, exibe dia 24 de agosto, às 14h e 19h30, a videodança do solo “Carta para não mandar ou Cantiga interrompida” no Teatro do Espaço Cultural Maria Monteiro, seguido por conversa dos artistas com o público presente. No dia 20 de agosto, sábado, às 20h, o solo será lançado no canal do Youtube da Confraria da Dança.
Marcando os 18 anos da estreia do solo autoral de Diane Ichimaru, “Carta para não mandar ou Cantiga interrompida”, a Confraria da Dança exibe o vídeo gravado em sua sede em maio/2022 por meio do projeto contemplado pelo Edital ProAC 06/2021 – DANÇA / #CULTURAEMCASA da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.
Segundo os fundadores da Confraria da Dança, Diane Ichimaru e Marcelo Rodrigues, a obra adaptada para o formato de vídeo é um trabalho de 2004 que exerce uma relação forte com a língua portuguesa. Soma-se também o fazer autoral de Diane, que considera uma diversidade de referências acumuladas em sua vivência artística, sem se submeter a limites de técnicas e métodos convencionados. Diane embasa suas obras nas suas raízes culturais, memórias e experiências pessoais, estruturadas por sua genealogia nipo/ítalo/brasileira, sua rica infância caipira mergulhada num cotidiano intercultural.
“Carta para não mandar ou Cantiga interrompida” parte das lembranças de Diane Ichimaru nos anos de convivência com sua avó, que foi tomada em seus derradeiros anos de vida pela demência e a doença de Parkinson. A sensação de não se sentir inteira, de enxergar o pensamento como um labirinto e entender como isso reverbera no corpo foram alguns dos disparadores desta criação, um solo em que Diane traz para a cena essa fusão de pensamentos que se tornam palavras e de palavras que se tornam movimentos.
Durante a criação da obra, o foco foi se ampliando e Diane derivou a perspectiva da doença degenerativa da avó para a transitoriedade da vida e para as tensões impostas para a figura feminina pela sociedade patriarcal.
“Essa obra aborda a incompletude, pois nunca acabamos de fato as coisas e temos uma falta de domínio sobre o começo, meio e fim a vida inteira”, diz a artista. Para criar a versão em vídeo, os artistas ficaram atentos aos movimentos de câmera, aproximações, recortes e mudanças de ângulos em substituição ao que era antes o olhar de cada espectador no espetáculo presencial.
Este projeto levanta a relevância da produção da dança no corpo amadurecido em cena. Prestes a completar 57 anos de idade, Diane se alinha com aqueles poucos profissionais de sua geração que persistem no papel de protagonistas de suas obras e se mantém em dedicação total ao ato de encenar. Persegue o movimento pleno de expressividade abrindo horizontes ao modular vigor e sutileza, escavando um dançar singular da história acumulada no corpo.
Os silêncios, palavras e não saberes, tantas cartas escritas e não lidas, angústias de tantas mulheres que tiveram suas vozes caladas, suas vontades sufocadas entre os domínios da casa, cozinha, jardim e quintal, ganharam força em cena, em corpo e voz. “Também nos preocupamos com a ligação entre cada uma das cenas para que o espetáculo não ficasse fragmentado”, contam.
Para gerar esse efeito, foram utilizadas três câmeras em locais distintos do palco.
Sinopse
Um corpo feminino em contradição, entregue à sua intensidade e desatino, em redemoinho atemporal e prolixo de destroços da memória. Uma dança inquieta que recende a poeira de sótãos e porões e delicados perfumes de jardins de avós habitando o terreno fértil da memória e esquecimento. O movimento é impregnado pela tensão de frase incompleta, pelo caos desassossegado do pensamento. A ação discorre sem se completar, como os ruídos que sobem da rua – passos, fiapos de conversas, crianças brincando. Diálogo íntimo e sigiloso desfruta as sensações do encontro da artista com o público, transitório, único, fugaz.
Ficha Técnica
Direção, dramaturgia, interpretação e figurino | Diane Ichimaru
Trilha musical original, arranjo e execução ao piano | Rafael dos Santos
“Mormorio” (Antonio Carlos Gomes) e “Gnossienne n°3” (Erik Satie) | execução ao piano
por Rafael dos Santos
Desenho de iluminação, operação de luz e som | Marcelo Rodrigues
Filmagem | ASA100 Produções / Câmeras | Albert Moreira e Celso Saraiva Jr. / Som
direto | Guga Lourenço / Edição | Albert Moreira
Projeto gráfico | Lucas Ichimaru
Assessoria de imprensa | Márcia Marques – Canal Aberto
Produção e coordenação geral | Confraria da Dança
Sobre a Confraria da Dança
Fundada em 1996 por Diane Ichimaru e Marcelo Rodrigues, a Confraria da Dança está sediada na cidade de Campinas/SP, tendo completado 25 anos de atividades relacionadas à pesquisa, criação e produção artística. Honrando o termo “confraria” – conjunto de pessoas que se associam tendo em vista interesses e objetivos comuns – realiza parcerias com artistas das áreas da dança, teatro, música e artes plásticas. Sua atuação artística ocorre, prioritariamente, fora da capital, seus projetos contemplam ações na própria cidade/sede e em outras cidades de pequeno e médio porte do interior do Estado de São Paulo, difundindo a dança através de atividades de formação e fruição artística, traçando um crescimento radial em seu campo de ação junto à comunidade, promovendo acessibilidade comunicacional e atingindo público leigo de todas as idades, estudantes de arte em processo de formação e artistas profissionais. A Confraria da Dança acumula em seu percurso premiações da APCA, da FUNARTE/ MINC, Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, Cultura Inglesa, Sesi SP, Itaú Cultural/Rumos Dança.
Carta para não mandar ou Cantiga interrompida
Lançamento do vídeo no Canal do Youtube da Confraria da Dança
Dia 20 de agosto, sábado, 20h
Carta para não mandar ou Cantiga interrompida
Teatro do Espaço Cultural Maria Monteiro
(R. Dom Gilberto Pereira Lopes, s/n – Conj. Hab. Padre Anchieta, Campinas/SP)
Exibição do vídeo seguido por conversa dos artistas com o público presente
Dia 24 de agosto de 2022, quarta-feira, às 14h e 19h30 – GRÁTIS
(Carta Campinas com informações de divulgação)