Os defensores TSE caíram na armadilha de Bolsonaro
.Por Guilherme Scalzilli.
O transporte e o armazenamento da estrutura de votação fornecem brechas oportunas ao impulso golpista. É mais fácil o bolsonarismo sabotar um processo vigiado por militares e policiais federais do que os funcionários civis fiscalizarem tamanho contingente.
Ocorre que TSE não se preparou para um cenário de ameaça efetiva. Esnobando os acadêmicos sérios que apontavam falhas no sistema digital, perdeu a interlocução crítica e qualificada que o forçaria a evoluir. Iludiu-se com os brilhos da unanimidade.
A rejeição do voto impresso deveria incentivar rigores que o substituíssem, mas os avanços foram superficiais. A amostragem de urnas selecionadas para controle, por exemplo, segue critérios estatísticos impróprios e tem escasso valor preventivo.
O fã-clube do TSE nem tomou conhecimento dos riscos. Preferiu repetir que os testes oficiais nunca apontaram problemas e que as fraudes são impossíveis porque ainda não ocorreram. Festejou o apoio dos diplomatas a um método que seus governos repudiam.
A mania de blefar em benefício da urna sinaliza que Jair Bolsonaro pautou esse debate. Ideologizando questões técnicas, conseguiu se livrar do cientificismo que seus inimigos usaram para desmascará-lo no auge da pandemia. Tornou-os negacionistas.
A obsessão com as narrativas de Bolsonaro naturalizou sua mentira central: a ideia de que a integridade do sufrágio depende apenas da “lisura” do TSE. Já que a hipótese de conluio do tribunal com o PT é absurda, a correta apuração dos votos está garantida.
Mas a confiança nas autoridades e os fenômenos materiais têm lógicas probabilísticas muito diversas. Embora o sucesso de um ataque ao sistema eleitoral seja duvidoso, a chance de correção dos seus danos é simplesmente zero. Não, boletins não servem.
Imaginemos que, ao término da votação, os códigos de uma urna revelem um comando capaz de transferir votos de Bolsonaro para Lula. Seria ridículo atribuir a manobra ao PT, mas não haveria meios tecnológicos, legais ou políticos de absolvê-lo.
Assim, os apologistas do TSE podem estar ajudando a produzir o clima da cassação da candidatura petista. Quanto maior a afinidade simbólica da oposição com o tribunal, maior o constrangimento imposto por uma fraude anônima que “ajudasse” Lula.
A esquerda subestima os efeitos de litígios na disputa presidencial. Foram os tribunais que engendraram o golpe fascista, com auxílio dessa mídia que não checa as auditorias que não auditam. No próprio TSE há ministros que seguem aplaudindo Sérgio Moro.
Mas é sobretudo o corporativismo que ameaça os planos progressistas. Nem a imprensa nem as cortes darão a Lula o benefício da dúvida, se para isso tiverem de expor uma vulnerabilidade qualquer do rito eletrônico. Muitas reputações graúdas estão em jogo.
Confundindo propaganda com certeza e republicanismo com autoengano, os democratas ajudam a manter o país vulnerável ao golpe. A transformação do TSE em protagonista da campanha dá a Bolsonaro o único oponente que ele consegue derrotar sem voto. ( do http://guilhermescalzilli.blogspot.com/2022/08/os-defensores-tse-cairam-na-armadilha.html)
Recentemente, engenheiros da USP, Unicamp e UFPE, realizaram estudos aprofundados nos códigos-fonte do sistema eletrônico de votação e no modelo UE2020 da urna eletrônica que será utilizado nas eleições deste ano e atestaram a plena segurança das urna eletrônica, afirmando categoricamente que o sistema eletrônico de votação não apresenta vulnerabilidades.
Alegar, portanto, como alega Bolsonaro, que a urna eletrônica permite que os resultados possam ser alterados e que, em razão disso, poderia ocorrer fraude eleitoral é pura invencionice.
As urnas eletrônicas são utilizadas no Brasil há mais de 25 anos e até hoje não houve nenhuma comprovação de fraude. O próprio Bolsonaro, durante 25 anos foi eleito deputado através do sistema eletrônico de votação e nunca reclamou das urnas eletrônicas.
Na verdade, todo esse barulho e bravata de Bolsonaro questionando a urna eletrônica nada tem a ver com risco de falhas nas urnas ou fraudes.
O nome disso é desespero !!
Bolsonaro sabe que seus dias de presidente estão contados e que seu desastroso governo está chegando ao fim. Esse tem sido o seu pesadelo: ser derrotado em 2022, perder a imunidade e eventualmente ser julgado e condenado por eventuais ilegalidades e abusos cometidos durante o mandato e que venham a ser oportunamente apurados e comprovados nos tribunais de Justiça do país.
Todas as pesquisas apontam vitória de Lula sobre Bolsonaro em outubro e revelam alta rejeição do povo ao atual mandatário.
Prevendo já uma eventual derrota em outubro, o inquilino do Palácio do Planalto tenta achar um meio de tumultuar o pleito eleitoral que se avizinha na tentativa de se perpetuar no poder por meios “outros” que são sejam as urnas.
Para levar a efeito esse seu propósito, tenta de todas as formas desqualificar o sistema eletrônico de votação , pondo em dúvida a segurança do processo eleitoral brasileiro sem qualquer respaldo técnico ou legal. O mesmo sistema eletrônico pelo qual durante 25 anos ele próprio, Bolsonaro, foi eleito deputado, agora ele diz que o sistema não presta.
Consciente do seu fracasso como presidente e que que seu governo está próximo do fim, Bolsonaro tentará de tudo – TUDO – para permanecer no poder. Mas sem passar pelas urnas não terá êxito. Não há mais lugar para golpes de Estado no Brasil.
Em eventual vitória de Lula, pode ser que apoiadores de Bolsonaro – à exemplo dos seguidores de Trump nos EUA – promovam algum barulho, tumulto ou desordem. Nada, porém, que não possa ser prontamente contido e debelado pelas forças de segurança.
Não há dúvidas de que, com Bolsonaro no poder, vive hoje o Brasil um dos períodos mais tristes e sombrios da sua história, marcado por grave retrocesso civilizacional e densas trevas.
Após um período de mais de 30 anos de democracia, é lamentável ver o país mergulhar outra vez na escuridão de um regime obscurantista que se pretende despótico.
Às vezes, porém, é preciso mergulhar na escuridão para se aprender a valorizar a luz.
Espera-se que esse pesadelo acabe logo, para que o sol da democracia volte a brilhar outra vez sobre a nação.
2022 !! Lula presidente !! Para o Brasil voltar a crescer, e o povo voltar a sorrir.