.Por Luiz Oliveira.
Quase, porque tem coisas que são inexplicáveis. Muitas, aliás.
Ao longo da vida lidamos com ene desafios naturais e até sobrenaturais,
mas o pior deles está no relacionamento, na comunicação ou na falta de
comunicação entre um interlocutor e outro que não podem, já quando
adultos e, sobretudo em ambientes corporativos, ter a opção de
permanecer em silêncio como a Lei permite nos Tribunais.
Confesso que na maioria dos meus empregos eu tive problemas de
relacionamentos com uma ou outra pessoa e às vezes esta dita pessoa era
um superior hierárquico: Quem nunca?
A boa notícia é que me saí bem. Fui forjado para ser um resignado, ainda
que a resignação tenha se apartado de mim por longos períodos, razão
pela qual movi processos naqueles movimentos que considerei abusivos e
injustos.
E por falar naquilo que parece ser injusto, recebi uma carta de uma
professora do Estado de São Paulo cujo título achei instigante. Na
missiva, “Narcisista Sociopata” a professora relata sérios
desentendimentos com o seu diretor, Esteban, a quem atribui o
desequilíbrio emocional e patológico estudado primeiramente por Freud,
uma alegoria ao mito grego de Narciso.
Esteban não é o personagem de Casa dos Espíritos, de Isabel Allende, nem
a professora é Clara, clarividente que passou anos sem falar, ao
contrário. Mas vou chamá-los assim, Clara e Esteban.
Assim que a professora começou a ser assediada moralmente pelo seu
algoz, segundo conta em “Narcisista Sociopata”, não se demorou a reagir.
Guardou documentos, áudios de mensageiros com ameaças de Esteban,
e-mails. Para um tipo como este, ser confrontado por uma mulher desperta
em si os instintos mais selvagens. Reagem da pior maneira, pois não há
em toda a face da Terra um ser mais iluminado, mais merecedor de elogios
que os próprios Narcisistas, continua nossa professora a relatar em suas
confissões e apelos.
E Clara apelou antes para as instâncias superiores, como a Diretoria de
Ensino da cidade onde vive, e depois a Secretaria Estadual de Educação
do Estado de São Paulo, que, diga-se, fez o que estava ao seu alcance,
chamou Clara e Esteban para uma conversa mediada, amistosa e sadia onde
tudo se iria resolver pacífica e harmoniosamente.
Esteban, tal qual um meliante pego em flagrante pediu desculpas, elogiou
a professora pelo excelente trabalho e a partir daí nunca mais falou com
ela.
Aos técnicos da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo faltou a
sensibilidade para identificar a patologia oculta na mediação do
conflito e Esteban, agora longe dos mediadores, volta a carga, tramando
em segredos, instigando ataques, mordendo e assoprando, mostrando os
dentes, ainda que só para a professora alvo de sua ardilosa vingança.
A missiva “Narcisista Sociopata” deveria servir de modelo que escancara
um caso particular em um contexto específico e todas as suas paixões
para entender esse período sombrio da Educação Brasileira e de São
Paulo, com o objetivo de jogar luz onde de fato importa. Educação de
qualidade se faz com investimentos em pessoas, com políticas públicas
eficientes, com estrutura física, ambiente salutar, sem maquiagens,
aprovações automáticas, que se agravaram com a pandemia.
De um lado, Esteban, o protagonista dessa saga terrorífica, que
representa tudo o que de pior pode existir num ambiente escolar. De
outro, Clara, a professora idealista que sempre acreditou na Educação e
que está firme em Sala de Aula e não deixou se abalar pelo sistema bruto
imposto contra o Brasil e os Brasileiros desde que os Europeus invadiram
essas paragens.
A Educação Brasileira e de São Paulo sofre com todos os “Narcisistas
Sociopatas” do Congresso Nacional, dos Governos Estaduais, municipais e
Federal.
Luiz Oliveira é Jornalista e escritor