.Por Rogério Bezerra da Silva.
Após duas décadas de seu último, e fiel, representante eleito ter deixado o poder, finalmente a direita brasileira vai conseguir voltar ao Planalto, elegendo outro de seus fiéis representantes, Geraldo Alckmin.
Se o vento continuar soprando na mesma direção em que se encontra neste exato momento, Alckmin será o vice de Lula. Essa, realmente, a terceira via da elite brasileira.
Após anos articulando um golpe de Estado, que culminou no impeachment de Dilma, a elite brasileira tinha a pretensão de ocupar a presidência da República com o próprio Alckmin. Mas, como promover um golpe e viabilizar eleitoralmente um candidato envolve múltiplas variáveis difíceis de serem controladas, quem ganhou o pleito foi Bolsonaro.
Até aí, não havia problemas para a elite, pois bastava Bolsonaro seguir com os programas econômicos liberais que já contemplava as expectativas desse setor que, diga-se, é quem detêm realmente o poder, político e econômico, no Brasil. Mas, não só Bolsonaro foi incompetente na política econômica como também, por não controlar a língua, começou a envergonhar a elite fora do Brasil. Diante disso, qual a alternativa, no campo político institucional (outro golpe, fora de perspectiva, pois a economia não aguentaria mais esse baque e, diferente de Dilma, Bolsonaro, além de significativo apoio das ruas, também tem o apoio das armas)? Eleger um representante de seus interesses.
Nessa perspectiva, Alckmin, sozinho, não teria expressão eleitoral. Doria, já há muito, vem demonstrando não subir nas pesquisas de intenção de voto. Haveria outros nomes eleitoralmente viáveis? Esses testes têm sido feitos, mas sem bons resultados até o momento.
Então, qual a alternativa? Eleger Lula, que, diferente do período Dilma, foi muito favorável aos anseios, pelo menos econômicos, da elite.
E, para isso, foi feito “acordo com STF e tudo”. Todo o processo de lawfare, praticado pelo próprio STF até então, foi revertido pelo próprio STF, para viabilizar a candidatura de Lula. Que, é claro, mesmo tendo sido condenado sem ter cometido qualquer crime (estava preso politicamente), continuaria em custódia até hoje se os interesses da elite brasileira não tivessem se modificado ao seu favor.
E, numa jogada muito bem planejada, Lula, que, em qualquer pesquisa sempre apareceu com grande apoio popular (ainda mais ajudado pelas inabilidades da equipe econômica de Bolsonaro), passou a ser visto como a “terceira via” da elite, que, numa conciliação de forças, tende a ter o resultado eleitoral esperado: a vitória nas urnas em 2022.
Não há como negar que a estratégia da direita (da elite brasileira) não seja forte. E de, essa estratégia vai levá-la novamente ao Planalto.
Por: Rogério Bezerra da Silva, Geógrafo Metre e Doutor em Política Científica e Tecnológica pela Unicamp. Foi assessor legislativo.