A atual política de preços da Petrobras completou cinco anos neste mês de outubro, com um recorde histórico no valor real da gasolina. A atual política de preço foi implantada logo após o golpe parlamentar de 2016, que retirou Dilma Rousseff (PT). Na semana passada, o litro do combustível custava em média R$ 6,36, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), ultrapassando o pico anterior, de R$ 6,25, registrado em fevereiro de 2003.
A mudança fez com que todos os brasileiros pagassem caro para que seja transferido maior lucro aos acionistas da Petrobras. Até o golpe de 2016, os acionistas também recebiam seus lucros, mas um lucro menor porque o governo do PT mantinha uma política de preços que levava em conta os custos de produção e não exclusivamente os interesses dos acionistas.
Desde o golpe, a política da Petrobras é exclusivamente voltada para o lucro dos acionistas. Ontem, dia 28, por exemplo, a direção da Petrobras do governo Bolsonaro aprovou o pagamento de antecipação da remuneração aos acionistas relativo ao exercício de 2021. Ou seja, o benefício dos acionistas é tanto que a Estatal sob o governo Bolsonaro vai dar dinheiro para os acionistas, mesmo antes de receber com as vendas.
O dinheiro que o caminhoneiro, o empresário, o trabalhador, o taxista ou qualquer brasileiro for pagar em dezembro ao abastecer já vai estar no bolso do acionista. A Estatal vai dar R$ 31,8 bilhões aos acionistas. Esse valor se soma aos R$ 31,6 bilhões anunciados em agosto, totalizando R$ 63,4 bilhões em antecipação aos acionistas relativa ao exercício de 2021.
Diesel
O diesel S-10 também bateu recorde em outubro, atingindo o maior preço médio mensal real da última década, de R$ 5,033, o que motivou os caminhoneiros a decretarem greve a partir de 1º de novembro.
Desde que o PPI (Preço de Paridade de Importação) foi implementado, em 2016, no governo de Michel Temer e mantido pelo governo Bolsonaro, os combustíveis vendidos no Brasil acumulam uma alta muito acima da inflação.
Levantamento do Observatório Social da Petrobrás (OSP) aponta que, nesse período de cinco anos, a gasolina registrou um aumento real (considerando a inflação) de 39%, com reajuste nominal (sem ajuste da inflação) de 79%. O litro do diesel S-10 superou a inflação em 28,7% e teve crescimento nominal de 60%. Já o gás de cozinha foi o recordista, com uma alta real de 48% acima da inflação e 84% em termos nominais.
Na média mensal de outubro de 2016, tendo como referência valores de setembro de 2021, a gasolina custava R$ 4,58 o litro, preço que saltou para R$ 6,36 na semana de 17 a 23 de outubro de 2021 (neste valor não está computado o aumento de 7,04% nas refinarias).
O preço do diesel subiu de R$ 3,76 para R$ 5,048. O botijão de 13kg de gás de cozinha era vendido a R$ 68,94 e hoje seu preço médio é de R$ 102. “A gasolina foi a última a chegar ao seu patamar real recorde, registrando neste mês de outubro uma alta acima do maior valor até então alcançado, em fevereiro de 2003, ou seja, há mais de 18 anos. O gás de cozinha vem superando recordes desde março deste ano, mês em que o diesel S-10 também bateu o recorde anterior, que era de R$ 4,47, alcançado em maio de 2018. Ou seja, no aniversário de cinco anos do PPI, o nosso presente são os maiores níveis de preço da história”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) e do OSP.
Como beneficiar os acionistas e prejudicar a população
O PPI se baseia nos custos de importação, que incluem transporte e taxas portuárias como principais referências para o cálculo dos combustíveis, criando preços fictícios para o consumidor brasileiro. Dessa forma, a variação do dólar e do barril de petróleo tem influência direta no cálculo dos combustíveis.
É por conta desse modelo de precificação que a gasolina, o diesel e o gás de cozinha vêm sofrendo aumentos consecutivos. Só neste ano, nas refinarias da Petrobrás, o diesel aumentou 13 vezes, a gasolina 12 e o gás de cozinha, oito. De janeiro a outubro, o diesel subiu 65,3%, a gasolina acumula alta de 73,4% e o custo do gás de cozinha cresceu 48%.
“A disparada no preço dos combustíveis é um dos fatores que mais pesam na inflação, que, nos últimos 12 meses, já passou de 10%. No último resultado do IPCA, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, os combustíveis veiculares e os combustíveis domésticos, principalmente o gás de cozinha, foram os dois itens que tiveram maiores aumentos dentre todos os que compõem o indicador, de 42,02% e 33,03%, respectivamente”, destacou o economista. (Com informações de divulgação e da Agência Brasil)
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