O ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, lucrou R$ 28 milhões com a alta do dólar no Brasil, segundo reportagem sobre o vazamento do consórcio Pandora Papers. De acordo com o texto, a partir de janeiro de 2019, cinco anos depois de abrir a offshore e depositar 9,55 milhões de dólares, Guedes começou a realmente ganhar uma fortuna.
O problema é que essa fortuna está diretamente ligada à ação de Guedes no Ministério da Economia. Guedes virou o principal fiador do governo Bolsonaro e assumiu o cargo de ministro da Economia, sob cuja responsabilidade está um enorme leque de decisões capazes de afetar seus próprios investimentos no exterior, inclusive tem poder sobre a variação do dólar, dependendo da decisão que tomar.
Ao criar a conta, antes de entrar no governo, a quantia de 9,55 milhões de dólares era equivalente a R$ 23 milhões. Mas em seu governo, o dólar valorizou e o dinheiro de Paulo Guedes deu um salto de R$ 28 milhões. “O valor hoje corresponde a 51 milhões de reais”, diz a reportagem da Revista Piaui.
A super poupança de Guedes em paraíso fiscal começou antes. No dia 25 de setembro de 2014, o economista Paulo Guedes, então sócio da gestora de recursos Bozano Investimentos, tomou uma providência para manter parte da sua fortuna longe das turbulências da economia brasileira: fundou a Dreadnoughts International, uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. Nos meses seguintes, Guedes aportou na conta da offshore, aberta numa agência do banco Crédit Suisse, em Nova York, .
“A abertura de uma offshore ou de contas no exterior não é ilegal, desde que o saldo mantido lá fora seja declarado à Receita Federal e ao Banco Central. Mas, no caso de servidores públicos, a situação é diferente. O artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, instituído em 2000, proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais. A proibição não se refere a toda e qualquer política oficial, mas apenas àquelas sobre as quais “a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função”, diz a reportagem.
A revelação faz parte de uma reportagem do Pandora Papers, projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, o ICIJ, com sede em Washington, DC. O consórcio teve acesso a 11,9 milhões de documentos sobre offshores em paraísos fiscais. A investigação dos Pandora Papers reúne mais de 600 profissionais em 117 países e territórios. Além do ICIJ, outros 150 veículos participam do trabalho. Integram o projeto no Brasil a revista piauí, os sites Poder360 e Metrópoles e a Agência Pública. Participaram deste trabalho Allan de Abreu e Ana Clara Costa (reportagem), Armando Antenore e Fernanda da Escóssia (edição), Plinio Lopes (checagem), Ana Martini (revisão), José Roberto de Toledo (coordenação do projeto) e André Petry (direção de redação). (Veja reportagem completa AQUI)
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