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Esquema do motoboy que sacou R$ 4,7 milhões é típico de corrupção, diz senador

Da RBA

O motoboy Ivanildo Gonçalves compareceu à CPI da Covid nesta quarta-feira (1º) e confirmou que fazia saques e pagava boletos em nome da VTCLog, quase todos os dias, “mas não faz mais” essa atividade, desde a abertura da investigação. O funcionário foi convocado a prestar depoimento ontem (31), mas se recusou após habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

(foto agência senado)

Ivanildo teve o nome citado várias vezes em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) após sacar, em momentos diferentes, o montante de R$ 4,7 milhões. Em seu depoimento, o motoboy da VTCLog confirmou a atividade e lembra que retirou R$ 400 mil de uma só vez na boca do caixa. Ele afirmou ainda que os pedidos pararam há três meses – período em que começaram as investigações da CPI.

O depoente relatou que o dinheiro era destino para pagar boletos no próprio banco e o restante era devolvido em espécie para Zenaide Sá Rei, funcionária da empresa que ordenava os pagamentos. “Quando executava o trabalho, sacava, pagava os boletos e fazia depósitos. O que sobrava de dinheiro, levava de volta e entregava à Zenaide. O maior volume de ter sacado foi R$ 430 mil”, contou ele, apesar de não lembrar o nome dos favorecidos.

Segundo os senadores da CPI da Covid, a estratégia feita pela empresa é típica para ocultar crimes. O senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que os saques e pagamentos feitas pelo motoboy da VTCLog revelam movimentações típicas de esquema de pagamentos de propina (corrupção). O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), endossou: “O saque é feito para não saber o destino do dinheiro no extrato bancário.”

Pen drive no Ministério da Saúde

A CPI da Covid investiga as atividades da VTCLog e a relação da empresa de logística com então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, que teve seus boletos pagos pelo motoboy nas idas às agências bancárias.

Em um dos momentos da oitiva, Ivanildo disse que esteve no Ministério da Saúde e chegou a levar um pen drive da VTCLog. O material foi entregue a uma mulher no quarto andar. Entretanto, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acrescentou que o Departamento de Logística da pasta, onde trabalhava Roberto Ferreira Dias, também ficava no quarto andar.

O funcionário da empresa disse também não saber se já pagou boletos do ex-diretor, porque não olhava os nomes no boleto. “Acho que o pessoal do setor de faturamento pediu pra levar o pen drive, não lembro quem foi”, explicou Gonçalves.

O senador Humberto Costa (PT-PE) acredita que a CPI tem o dever de acelerar e aprofundar investigação sobre VTC Log, “que é empresa querida do governo assim como a Precisa Medicamentos”. Já a senadora Simone Tebet (MDB-MS) defendeu a convocação de Zenaide, citada várias vezes durante o depoimento. “Não temos como terminar a investigação sem ouvi-la e entender o que fazia com tanto dinheiro vivo, se era destinado aos sócios ou terceiros. Depois de hoje, ela precisa vir prestar depoimento e justificar o destino de tanto dinheiro vivo”, argumentou a parlamentar.

Dinheiro para atos antidemocráticos
Antes de iniciar a sessão, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), informou que adicionou novas pessoas à lista de investigados pela CPI da Covid, entre elas: Cristiano Carvalho, Emanuella Medrades, coronel Hélcio Bruno de Almeida, Luciano Hang, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, coronel Marcelo Bento Pires, Regina Célia Silva Oliveira, ministro Onyx Lorenzoni e o deputado Osmar Terra (MDB-RS).

Além disso, os trabalhados da comissão foram abertos com uma denúncia de Humberto Costa. O senador afirmou que o prefeito de Cerro Grande do Sul-RS, Gilmar João Alba, foi flagrado com R$ 505 mil no aeroporto de Congonhas e há indícios, segundo ele, de que seria utilizado para financiar ato antidemocrático no dia 7 de setembro.

O prefeito Alba foi pego pela Polícia Federal quando iria pegar um avião fretado com destino a Brasília. O presidente da CPI, Aziz, disse que encaminhará ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pois “faz parte de qualquer democrata encaminhar essa denúncia às autoridades de investigação”. (Felipe Mascari – RBA)

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