Jair Bolsonaro aparece como diretor de uma entidade aberta na Flórida, nos EUA, junto com Roberto Cohen, citado na CPI como parceiro do reverendo Amilton Gomes de Paula, que confirmou conhecer Cohen. Bolsonaro aparece, nada menos, como diretor presidente da entidade, mostra reportagem de Lúcio de Castro, da Agência Spotlight.
A organizaçaõ “Missão Humanitária do Estado Maior das Forças Armadas” foi registrada em Miami em 30 de outubro de 2020, já durante a pandemia. Ou seja, ao mesmo tempo em que os lobistas da vacina tentavam intermediar a venda para o próprio governo Bolsonaro. Como diretores, aparecem, no ato de abertura, Jair Bolsonaro (presidente da entidade), Hamilton Mourão (vice) e Roberto Cohen (secretário), relata a reportagem.
Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AC), dirante a pandemia, o governo Bolsonaro seguia a ignorar as tentativas do laboratório Pfizer de vender vacinas contra o coronavírus, mas dava ouvidos a Amilton e sua ong, a Senah, e a empresas como a Davati, que se apresentavam como intermediárias de vacinas. Para Randolfe, é preciso buscar quem abriu as portas do Ministério da Saúde a esses negociadores. Agora, esse documento indica uma ligação entre Bolsonaro e Amilton.
A CPI suspeita que a intermediação da entidade de Amilton implicaria um sobrepreço de um dólar por vacina. Randolfe afirmou que a Davati teria apresentado um documento ao Ministério da Saúde no dia 15 de março oferecendo vacinas à US$ 10,00, preço que mais tarde foi atualizado pelo reverendo, por carta endereçada ao então secretário executivo do ministério da Saúde, Elcio Franco, elevando o preço para US$ 11.
O reverendo Almilton disse à CPI que não tinha contas no exterior, nem em seu nome nem em nome da Senah. No entanto, documentos mostram dados de duas contas bancárias da empresa sem fins lucrativos DFRF Golden Angel Foundation Corporation, também na mesma Flórida, nos EUA. Nos registros, Gomes de Paula está como presidente. A existência das contas foi revelada pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. O nome da DFRF reflete as iniciais de Daniel Fernandes Rojo Filho, registrado como diretor da companhia. Em 2015, ele foi preso na Flórida sob acusação de apresentar ofertas fraudulentas de investimento em outra empresa. (Veja reportagem na Spotlight)