Na manhã da última sexta-feira (28/08), aconteceu a apresentação do Comitê Permanente de Salvaguarda e Preservação da Casa de Cultura Fazenda Roseira, uma importante ação para a preservação do patrimônio cultural na cidade de Campinas. A iniciativa partiu de parceiros da Comunidade Jongo Dito Ribeiro e da própria comunidade que vem sofrendo com várias ações de furtos, vandalismo e constantes incêndios.
O local é um equipamento público cultural e só no mês de agosto aconteceram dois incêndios, o mais recente na madrugada desta quinta-feira (26), quando a área verde da Fazenda Roseira mais uma vez foi incendiada. Na tentativa de atenuar os ataques repetidos, integrantes da comunidade estão em vigília diária – inclusive dormindo no local – há cerca de 300 dias.
Na busca de sensibilizar o poder público, assim como informar a população, e assim preservar este importante patrimônio campineiro, grupos de apoio têm se mobilizado. Na atividade da manhã artistas, educadores, lideranças de movimentos negros assim como vereadores e políticos, entre eles Fernando Haddad, ex-Ministro da Educação dos Governos Lula e Dilma, estiveram presentes na Casa de Cultura Fazenda Roseira manifestando a solidariedade à comunidade, assim como buscando caminhos para resolver a falta de segurança que assola o equipamento público.
Haddad se comprometeu em tentar ajudar a Comunidade Jongo Dito Ribeiro e disse: “Vou ligar para o prefeito de Campinas e me colocar à disposição para ajudar”. Também reconheceu a importância da cultura africana, criticou o preconceito, assim como admitiu o protagonismo do espaço de cultura afrodescendente.
“Sabe família, a gente tenta, a gente cai, a gente levanta, a gente caminha, a gente corre. Mas vai chegando um momento que a gente cansa”. Alessandra Ribeiro, uma das lideranças da comunidade, desabafou nas redes sociais após o último incêndio.
A comunidade que gesta o equipamento público tem constantemente denunciado a falta de estrutura, segurança e manutenção. Em um dos últimos furtos no espaço, além da destruição da Biblioteca, foram levados holofotes, câmeras de segurança, alarmes, trincos e fechaduras, uma televisão, um fogão, uma pia, portas, um gira-gira, um cano de água, toda a fiação externa de iluminação e até materiais infantis adquiridos pelo coletivo.
A ausência de iluminação adequada, o mato alto e a falta de segurança são os principais motivos dos constantes ataques ao local.
O Jongo Dito Ribeiro é reconhecido e registrado como patrimônio imaterial da cidade de Campinas.
Desde 2002, a Comunidade Jongo Dito Ribeiro vem se firmando, realizando trabalhos de reconstituição, composição e pesquisa com o objetivo de manter viva a chama dessa descendência, trazendo essa importante manifestação da cultura popular afro-brasileira, elemento de resistência e união para a sociedade. O grupo se apresenta em escolas, universidades, quilombos, festas oficiais e seus encontros são quinzenais na casa de Alessandra Ribeiro e desde 2008, na Casa de Cultura Fazenda Roseira, de gestão da lideranças politicas, comunidade jongueira , no jardim Roseira em Campinas, que está aberta a quem quiser participar e contribuir na reconstituição dessa história.
(Carta Campinas com informações de divulgação)