Por Gabriel Valery/RBA
Mais um estudo confirma a alta eficácia da vacina contra a covid-19 CoronaVac. Autoridades dos ministérios da Saúde e da Ciência do Chile encomendaram a pesquisa que foi liderada pela Universidade Católica. Com amostragem de 2.300 pessoas vacinadas com o imunizante da Sinovac, apenas 45 foram contaminadas e nenhuma morte foi reportada. Dos contaminados, apenas três apresentaram sintomas mais relevantes, mas tiveram pronta recuperação.
O estudo também apontou, a partir de análises laboratoriais, que a vacina estimulou resposta imune robusta. Os linfócitos T, responsáveis por combater a infecção viral, desenvolveram imunidade adquirida e eficiente contra a proteína Spike do coronavírus, utilizada para infectar células humanas. Também foram identificados anticorpos neutralizantes, o que indica que a vacina inocula o vírus por completo.
“No geral, os resultados apontaram que apenas pessoas mais idosas e com comorbidades apresentaram sintomas depois da vacina. Neste estudo clínico não foram reportadas mortes. Os dados apontam que 98% dos sujeitos vacinados com esquema completo não desenvolveram covid-19 sintomático”, afirmam os pesquisadores
Assim como indicam outros estudos com outras vacinas, como a Pfizer e AstraZeneca, uma terceira dose de reforço para a CoronaVac pode ser bem-vinda. “Nossos resultados mostram que os indivíduos, seis meses após a vacinação, seguem detectando anticorpos neutralizantes e linfócitos T específicos no sangue. Mas os níveis caem se comparados com os observados quatro semanas após a segunda dose”, afirmam.
Diante do observado, aliado com as ameaças de cepas mais contagiosas, como a delta, os pesquisadores indicam a possibilidade da terceira dose. “Algumas variantes requerem um maior nível de anticorpos neutralizantes para bloquear a entrada do vírus e, possivelmente, a doença sintomática. Parece recomendado que doses de reforço sejam aplicadas a partir do sexto mês, contando desde a primeira dose, para amplificar a quantidade de anticorpos circulantes”, afirmam.
A pesquisa aponta para a necessidade de estudos neste sentido. “Ainda faltam evidências científicas que demonstrem que essa terceira dose seja uma prática segura e eficaz, mas conta com evidências preliminares em outras vacinas, como Pfizer e AstraZeneca. Mesmo em nossos país, outros estudos com doses de reforço para estes imunizantes vem apresentando respostas positivas”.
Em andamento
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse hoje (21) que a variante delta é uma “preocupação por sua maior transmissão” e que o instituto deve realizar estudos sobre as relações entre a CoronaVac e a variante delta. A secretaria estadual de Saúde já informou que consta nos planos para o ano que vem a aplicação de doses de reforço em toda a população adulta.
Enquanto estudos avançam, o que existe de concreto é a eficácia e segurança da CoronaVac. A pandemia segue em tendência de declínio no Brasil. Em São Paulo, estudo realizado na cidade de Serrana, identificou eficácia de 95% do imunizante. No Uruguai, outro país que utiliza a vacina, o sucesso é ainda mais evidente. Com 60% da população vacinada com duas doses, a média de casos e mortes diárias recuou em 90% entre maio e julho. (Da RBA)