(foto de vídeo -janethevirgin)

.Por Zé Ribeiro TV.

A série Jane a Virgem, em exibição na Netflix, é uma grande telenovela com 100 capítulos. Então, não é para se esperar muito, a não ser o dramalhão no bom e velho estilo latino-americano. Mas há algo bem mais interessante e original na série: a metalinguagem sobre a própria telenovela.

A série inovou na linguagem ao falar da própria telenovela para construir humor, mas acabou por respeitar a inteligência do telespectador. Assim como as telenovelas, a série força no último grau possível o enredo. Aquelas coisas como o filho que não é filho legítimo, o pai que não é pai, uma irmã gêmea que de repente aparece, a mãe biológica que é virgem, segredos do passado, etc etc. Tudo regado com efeitos especiais que citam um realismo fantástico da literatura latino-americana. E tem até participação especial de Isabel Allende.

Tudo isso, e essa é a grande sacada da série, é quebrada por um falso narrador onisciente em off. Falso porque ele não é onisciente, na verdade. Quando surge uma ligação da história muito absurda e improvável, ele aparece dizendo: “bom, mas isso é telenovela”. A série troca o ator de um mesmo personagem e o narrador aproveita: “é telenovela, tudo bem”. E aqueles momentos em que seria uma grande surpresa do dramalhão na tradicional telenovela passa a ser uma oportunidade para produzir o riso. O narrador em off muitas vezes rouba a cena quando ele mesmo não sabe o que acontece na história que ele está narrando. E em algumas vezes tenta alertar em vão o personagem, criando um clima de suspense. Na trama, a telenovela é o tema central, ou seja, é uma telenovela falando da telenovela.

(imagem divulgação)

Após 4 temporadas e cerca de 80 episódios, a quinta temporada fica um pouco apelativa, mas ainda assim garante diversão. Jane a Virgem foi desenvolvida por Jennie Snyder Urman e é uma adaptação da telenovela venezuelana Juana la virgen, criada por Perla Farías.

A personagem central é protagonizada por Gina Rodriguez como Jane Villanueva, a neta de uma imigrante venezuelana que engravida depois de uma inseminação artificial acidental. Há também um destaque para a direção, que é a capacidade de conseguir reproduzir uma forte relação feminina de afetividade entre vó, filha e neta. Aliás, há um certo feminismo de protagonismo, não de discurso. As personagens mais centradas e fortes da série são mulheres. Aos homens cabem papéis secundários e estereotipados comicamente.

Gina Rodriguez ganhou o Globo de Ouro em 2014 de melhor atriz em série comédia ou musical e a série foi indicada para a melhor série de comédia ou musical. A série também foi selecionado como um dos 10 melhores programas de televisão de 2014 pelo American Film Institute.