.Por Marcelo Mattos.
“… a noite dissolve os homens, / diz que é inútil sofrer, a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes / cintilantes”. (in A noite dissolve os homens – Carlos Drummond de Andrade)
A que serve efetivamente as Forças Armadas? A quem serve? Se considerarmos os últimos 29 meses do então desgoverno federal é de compadrio, cumplicidade e nítida violação aos princípios que definem as suas garantias e finalidades constitucionais. Afinal de contas, estamos diante de um governo autoritário de ocupação militar, sem mínimo programa nas diversas áreas sociais, caracterizado pela dilapidação do patrimônio público, a acumulação de benefícios e privilégios individuais e ingestão da saúde pública.
Estas Forças Armadas que deveriam ser as garantidoras dos poderes constitucionais e a Defesa Nacional estão adstritas, subservientes a uma política de um governo nefasto e de exceção que propala uma política de genocídio da população com as inúmeras medidas de negação e omissão no combate à pandemia de Covid-19. São mais de 450 mil mortes subnotificas (seriam 600, 900 mil?) que pairam sob a irresponsável omissão e inépcia dos executores desta antipolítica, consentida pela difusão de um vírus mortal através da contaminação de grupo, da negação de medidas de isolamento social e proteção individual (como máscaras e a difusão de medicações condenadas pela OMS), além das inúmeras contrariedades e obstrução de uma política vacinal da população.
Além da monstruosidade de tantas mortes, vemos, por ação ou omissão, a completa destruição do Estado brasileiro, pelos diversos incêndios florestais, o favorecimento de garimpos ilegais, invasão e exploração de territórios indígenas e ambientais, a entrega de diversas áreas de petróleo, água e energia, e a miserabilidade da população com o fim de direitos e garantias sociais, enquanto uma elite fardada, bem nutrida de recursos públicos, constantemente eleva os seus salários e benefícios hereditários.
A que serve mais de 11 mil militares pendurados, agarrados aos diversos cargos públicos federais? Qual o esforço e trabalho a que se submetem, a quem mesmo servem senão à garantia de privilégios e a sustentação de um desgoverno de exceção, criminoso?
O que dizer dos famigerados atos públicos de “propagação do vírus” (aglomerações sem máscaras) e insanidade política do então presidente da República, como o realizado na manhã de ontem (23/05) na orla da cidade do Rio de Janeiro, onde mais de mil motociclistas que faziam parte de forças policiais, além de um elevado contingente de militares realizando a sua cobertura e “entourage” (palavra que não advém nem de touros ou bois)? Nada de incomum, nada a surpreender que o mandatário geral (que tão pouco trabalha e transpira) do alto do carro de som instalado na praia de Copacabana, estivesse ladeado pelo deputado Rodrigo Amorim (o mesmo que quebrou a placa de Marielle Franco, morta pela milícia) e pelo General Eduardo Pazuello, cuja ineficiência e incompetência são patentes… como patente é a vagabundagem oficial !