Exposição Virtual Acervo Escola traz palavra, imagem, vídeo arte e tópicos sobre curadoria em um processo colaborativo

Uma mostra que reúne material, objeto, espaço, palavra, registro, imagem fotográfica, vídeo arte e tópicos sobre curadoria em um grande processo colaborativo. Assim se forma a Exposição Virtual Acervo Escola que pode ser visitada pelo site do Instituto Marco do Valle.

O Projeto Acervo Escola surgiu como projeto, em Campinas, em 2020 e está sendo realizado em 2021 após contemplação pela Lei Aldir Blanc e apoio da Prefeitura Municipal de Campinas e da Secretaria Especial de Cultura. Com a proposta de difundir o acervo do Instituto Marco do Valle através da arteeducação, foram ministradas oficinas de Audiovisual, Patrimônio, História da Arte e Desenvolvimento de Projetos Culturais Individuais. Os participantes se aproximaram respondendo à convocatória realizada por meio de vídeos e formulário aberto ao público, e também através de convites feitos para alguns centros assistenciais do munícipio, à exemplo dos jovens educandos da Obra Social São João Bosco – Núcleo Vida Nova.

Um dos trabalhos virtuais da Exposição Virtual Acervo Escola. A presença das bacias em alguns projetos relaciona-se aos trabalhos da série Vórtice
de Marco do Valle (1984)

Devido ao agravamento da pandemia do Coronavírus, as atividades foram desenvolvidas em caráter remoto e virtual com encontros síncronos. Apesar da expectativa que a coordenação do projeto tinha em abrir os arquivos do acervo para a visitação, as ações virtuais não deixaram nada a desejar. Ao contrário. “Encontramos formas de apresentar os trabalhos de Marco do Valle, assim como os documentos do arquivo, nas conexões com a história da Arte Contemporânea, do patrimônio campineiro e das próprias produções, além de fazer uma exposição construída totalmente para o virtual e que acontecerá junto a outro grande feito do projeto – o site do Instituto Marco do Valle”, conta Julyana Troya, coordenadora do Projeto e quem está à frente do acervo do artista.

Diálogos, exercícios artísticos e trocas colaborativas sobre a Arte Contemporânea, geraram o conteúdo que constitui a mostra, cuja curadoria foi realizada pelos artistas Ana Helena Grimaldi e Kauê Garcia, após a execução de proposições sobre o próprio tema com os/as participantes. “Os encontros sobre curadoria do Projeto Acervo Escola foram momentos não só de (re)conhecer este importante processo de cuidar, selecionar, organizar e exibir uma mostra de arte mas também de trocar experiências e situações do dia a dia em que cada um de nós, em nosso cotidiano, experimentamos o papel de curadores de nossos acervos pessoais materiais e imateriais, interpretando-os e criando inúmeras possibilidades de conexões”, ressalta a curadora.

O projeto conta ainda com uma produção documental coletiva de imagens em vídeo intercaladas à algumas falas inéditas de Marco do Valle produzidas em 2016, momento em que Julyana Troya produzia sua pesquisa para o mestrado. A direção do documentário é do cineasta e educador social Daniel de Almeida, quem fez um trabalho
de observação e motivação entre os jovens, a partir dos registros e exercícios em vídeo e fotografia. Umas das participantes, Isabelle Cristina de Oliveira, de 23 anos, após um processo de perda de entes pelo COVID, acabou se motivando pelas produções de vídeo arte e se dispôs a participar do Festival do Minuto, além de abrir ao grupo, pela primeira vez, suas produções em desenho. “São as possibilidades de transformação que a arte oferece”, ressalta Daniel.

Entre adultos e jovens, foram cerca de 30 pessoas que participaram dos encontros de formação. Dentre o grupo estavam artistas, educadores, pesquisadores, assistentes sociais, estudantes e interessados em arte que além das aulas de formação, puderam construir (e ainda continuam construindo) seus projetos culturais individuais. “São sonhos culturais que eles/elas tinham o desejo de realizar e que a estrutura colaborativa do curso incentivou, mostrando que os conceitos que geram a arte estão muito mais próximos do que imaginavam”, conta Julyana.

O participante Danilo Santos identificou em suas ações no trabalho como cuidador social as diversas vezes que usou o conceito de curadoria para trabalhar com a Literatura, por exemplo. Já com os adolescentes, as proposições dos encontros se desdobraram em diversas criações fotográficas, composições que contribuíram para a expografia da exposição em um jogo que mistura critérios da Arte Contemporânea e da Arquitetura para a criação de pequenos objetos artísticos – um dos segmentos bastante trabalhado e pensado por Marco do Valle.

Para a nutricionista Ana Matilde Zarif Moukarzel, uma das participantes do Projeto que iniciou o contato com a Arte Contemporânea nos encontros e na produção para a mostra: “as aulas me fizeram olhar para a arte de um modo novo, capaz de compreender o que é esse universo do contemporâneo com suas várias camadas de conceito e relações com o mundo, inclusive com a nutrição que é meu ramo de trabalho, estou encantada”.

SITE

Após três anos do falecimento do artista contemporâneo Marco do Valle, um detalhado trabalho com os arquivos e com as peças do acervo artístico vem sendo realizado. Fazem parte do processo de organização a higienização, o restauro, a classificação das peças, a digitalização do material e a conservação de mais de 10 mil itens entre fotografías, VHS, super 8, negativos, manuscritos, esboços, desenhos, postais, xerox, entre outros. Parte deste material estará disponível no site do Instituto Marco do Valle que, no momento, também se organiza para o contato com galerias, museus, centros acadêmicos e escolas.

O desenvolvimento do site foi realizado pela programadora Luisa Burini, pela historiadora da arte (que também ministrou encontros de formação no Projeto) Érica Burini e pelo artista-curador Kauê Garcia. “Foi precioso este encontro entre o trabalho que venho fazendo com o acervo e esses jovens profissionais, que além de serem especializados em suas ferramentas de trabalho e em Arte Contemporânea, são apreciadores do trabalho do Marco”, conta Julyana Troya.

Além de um canal com as instituições e de apreciação artística, o site tem como objetivo, servir à comunidade científica disponibilizando catálogos, artigos, fotografias e textos de Marco do Valle e de seus contemporâneos e sobre as problematizações que seu trabalho trouxe para a Arte Contemporânea, sobretudo para o campo da escultura, contribuindo enormemente para as ampliações da arte em espaços extramuros.

Marco do Valle foi um dos pioneiros da Arte Contemporânea no Brasil. Seus trabalhos refletem sobre a arte, o artista e o fazer artístico utilizando-se de novas mídias, como Xerox, Vídeo, Postais, Livro-Objeto e Objeto Artístico. Participa das principais exposições realizadas pelo crítico de arte Walter Zanini, no Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo (MAC USP), na década de 70, momento em que a produção contribuía intensamente para o diálogo entre artistas, professores e pesquisadores. No campo da escultura, Marco do Valle trouxe discussões e problematizações para a Arte Contemporânea por meio de suas experimentações de variadas naturezas. Como um dos fundadores do Instituto de Artes da Unicamp e professor de Escultura (que formou 11 gerações de artistas e pesquisadores), o artista utilizava-se dos laboratórios e salas de ensino da universidade como seu grande ateliê. Para produzir objetos artísticos, instalações e performances que dialogavam com a ciência, a tecnologia e a comunicação, o professor-artista realizava experimentos com alunos e outros docentes das áreas da Computação, Biologia, Radiologia e outros. Marco do Valle participou de Bienais, de diversas exposições individuais e coletivas em galerias e museus do país, como MASP, MAM RJ, MAC USP e Pinacoteca do Estado de São Paulo.

acesso
facebook.com/institutomarcodovalle
visita ao site
institutomarcodovalle.com

(Carta Campinas com informações de divulgação)