(imagem gerd altmann – pl)

.Por Eduardo de Paula Barreto.

O pastor se apossou do céu
E para obter ganhos
Convenceu seu rebanho
A pagar caro aluguel
Para ter lugar no hotel
Que ficava nas alturas
Distante das amarguras
Deste mundo entristecido
Mas de todos era exigido
Que antecipassem as faturas.
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Os mais pobres pagavam o dízimo
Mas quem tinha mais proventos
Além dos dez por cento
Ofertar era preciso
Pra ser recebido no paraíso
Com translado do aeroporto
Depois que estivesse morto
E ingressasse na eternidade
Pra usufruir da comodidade
De uma suíte com conforto.
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Para o pastor não havia crise
Quando a coleta era pífia
Ameaçava com a Bíblia
E logo enchia a valise
E os irmãos saíam felizes
Indo pra casa a pé
Crendo que sua fé
Faria valer a pena
Sofrer na vida terrena
Em prol de viver com Javé.
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Ele teve uma vida abastada
Lucrando em nome de Deus
Até que um dia morreu
E se viu subindo uma escada
Se olhou mas não viu nada
Porque agora era só energia
E pra aumentar a agonia
Não havia hotel nenhum
Apenas um bando de urubus
Cujas asas de fogo ardiam.
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Eram os urubus do diabo
Que separavam o joio do trigo
Deixando de lado os dignos
Que por anjos eram levados
Mesmo sem terem pagado
Por quartos no hotel de mentira
Porque ninguém põe nem tira
Coisas no Reino infinito
Onde todo mundo é espírito
Que em cama não se estira.
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Os urubus lançaram o pastor
Na porta da toca de satanás
E o tinhoso disse: Rapaz
Você me superou:
Fingindo servir ao meu opositor
Passou a vida fazendo trapaças
E com falsas promessas e ameaças
Vendeu o que nunca foi seu
Eu não posso te dar o céu
Mas o inferno te dou de graça.
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04/04/2021

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