A história da fotografia moderna e contemporânea no Brasil se funde, por diversos momentos, com o surgimento do Clube de Colecionadores de Fotografia do Museu de Arte de São Paulo. Nos anos 2000, em um momento de particular atenção à institucionalização do meio fotográfico e período em que a fotografia brasileira ganhava destaque no cenário internacional, nascia o Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM. Agora, para celebrar seus 20 anos, o Museu apresenta obras de 107 artistas em exposição inédita, em cartaz até 1 de agosto de 2021, na sala Paulo Figueiredo.
A organização da mostra ficou a cargo de Eder Chiodetto, curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM desde 2006, e apresenta trabalhos de diferentes gerações e linguagens artísticas, criações emblemáticas de nomes como Adriana Varejão, Berna Reale, Cláudia Andujar, Fernando Lemos, Nuno Ramos, Miguel Rio Branco e Regina Silveira – esta última, apresenta uma edição comemorativa de FLASH (2010).
Fotógrafo, escultor e desenhista de origem baiana, Mário Cravo Neto (1947-2009), autor de uma extensa e celebrada produção fotográfica, é homenageado nesses 20 anos do Clube e terá uma obra inédita na mostra, de tiragem limitada, e que poderá ser adquirida por colecionadores interessados na página do clube no site do MAM.
A exposição foi organizada a partir das linhas de pesquisa criadas por Chiodetto, são caminhos de investigação adotados pelo Museu nos últimos 14 anos e que servem como parâmetro à curadoria: Identidade nacional, Documental imaginário, Limites/Metalinguagem, Retrato/Autorretrato e Vanguardas históricas. Trata-se de uma metodologia em vigor no MAM desde 2006, quando a direção optou que tanto o Clube de Colecionadores de Fotografia quanto o Clube de Colecionadores de Gravura tivessem curadores específicos para assumir a responsabilidade de mapear a produção nacional, olhar com acuidade para o presente e revisar o passado, aprofundando pesquisas sobre o surgimento de novos talentos em conexão com artistas renomados, a fim de pinçar trabalhos que pudessem criar relações conceituais, temáticas e formais com o acervo do Museu.
“Criamos linhas de pesquisa cujo objetivo é dar conta de vertentes da produção brasileira que oscilam entre a fotografia de caráter documental e as experimentações que ampliam seu repertório”, explica Chiodetto. “Cria-se, dessa maneira, um rico diálogo com o acervo do Museu, o que possibilita a inserção da fotografia em mostras que mesclam diversas linguagens artísticas e, seguindo esse raciocínio, não raro a curadoria do Clube instiga artistas que não são fotógrafos a refletir e gerar obras que os posicionem em relação ao uso da fotografia no mundo contemporâneo”, completa.
O Clube
Em meados de 1990, após um processo mundial de flexibilização das formas de expressão artística – em especial, no que diz respeito às técnicas e materiais utilizados – a fotografia começou a consolidar seu espaço nas instituições de arte contemporânea. É a partir deste momento que a entrada da fotografia no acervo do MAM torna-se mais sistemática e o Museu passa a apresentar, colecionar e discutir mais efetivamente obras nesse suporte.
Nos anos 2000, por uma iniciativa de Tadeu Chiarelli, na época curador-chefe do Museu, nasce o Clube de Colecionadores de Fotografia MAM com o objetivo de fomentar o colecionismo e impulsionar a produção artística brasileira.
“A existência do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM só é possível graças à parceria entre o museu que organiza as ações, os artistas que doam suas obras e os sócios que incentivam a produção artística e a existência do próprio museu. Dessa forma, tanto o MAM quanto os colecionadores seguem construindo, ano após ano, um acervo perene de extrema importância, por meio do qual podemos refletir sobre a cultura brasileira, nossa mestiçagem, nossos dramas sociais, nossa identidade, nossa capacidade de nos reinventarmos à revelia dos desmandos do poder hierárquico”, reflete o curador.
(Carta Campinas com informações de divulgação)