O público interessado poderá se inscrever no curso de cinema “Feminino e Muito Particular”, oferecido pela Rabeca Cultural, espaço localizado em Sousas, em sua versão online. O curso acontece sempre às quintas-feiras, do dia 18 de fevereiro a 11 de março, às 20h, e propõe um debate sobre os avanços e desafios do cinema feito pelas mulheres.
Serão quatro encontros, onde o professor e crítico de cinema Hamilton Rosa Jr. pretende destacar a produção cinematográfica feita e protagonizada por mulheres em todo o mundo. O tema é mais que pertinente, já que a mulher está ganhando cada vez mais propriedade e voz ativa no cinema atual, e três filmes lançados recentemente, Nomadland, Bela Vingança e Retrato de Uma Mulher em Chamas, comprovam essa força – os três estão entre os mais premiados nos circuitos de festivais do momento.
No entanto, a despeito dos louros, o mais importante é que esses filmes vêm ampliando os debates sobre feminismo, gênero e masculinidades. De acordo com Hamilton, são filmes que apontam a necessidade de reconsiderar a história do cinema, no que diz respeito aos seus estereótipos e fórmulas existentes, e junto com ela, os papéis das mulheres em narrativas cinematográficas e na sociedade – através da subversão.
O curso “Feminino e Muito Particular” não pretende apenas abordar a linguagem feminina na produção recente; o objetivo é discorrer, sobretudo, sobre as dificuldades que as mulheres tiveram e continuam a ter em impor uma nova visão e como esses discursos evoluíram.
É possível encontrar pioneiras, buscando uma linguagem particular, nos anos 20, com Dorothy Arzner, nos anos 40, com Maya Deren, ou nos anos 60 com a francesa Agnès Varda, mas o professor reafirma que o postulado que contribuiu para alicerçar o caminho das novas cineastas adveio principalmente de estudos teóricos. Um dos textos que mais contribuíram para esse novo florescer, foi um ensaio publicado na revista Screen, em 1975, por Laura Mulvey, intitulado “Prazer Visual e Cinema Narrativo”. Mulvey compreendeu o aparato cinematográfico e as convenções estético-narrativas de um determinado cinema – o filme clássico, que vigorou na produção industrial dos anos 1930 aos anos 1960, como provenientes de uma visão de mundo essencialmente masculina, no interior da qual o feminino possuiria um lugar subalterno, e questionou quais eram os caminhos para as mulheres artisticamente se libertarem desse modelo.
Depois surgiria uma nova teórica deste cinema possível, Ann Kaplan, e a influência dessas duas mulheres deu um alento para as novas gerações, configurando no cenário cinematográfico uma visão feminina, mais aplainada e muito particular.
Os quatro encontros online serão divididos em:
Aula 1 – Uma linguagem própria, um olhar muito particular na direção cinematográfica.• Definições e estudos de duas grandes ensaístas: Laura Mulvey e Ann Kaplan.
Três filmes básicos que demonstram como a representação evoluiu na atualidade: Nomadland (2020) – Direção Cloe Zhao • Bela Vingança (Promising Young Womanm, 2020) – Direção Emerald Fennell • Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre (2020) – Direção Eliza Hittman
Aula 2 – A História do desbravamento das mulheres cineastas • A mãe do cinema: Alice Guy Blaché • Mabel Norma, diretora dos filmes de Chaplin • A sofisticada Dorothy Arzner • A vanguardista Maya Deren • A estrelada rebelde de Hollywood – Ida Lupino • Uma vida inteira dedicada ao cinema feminista: Agnès Varda • Chantal Akerman, a Bélgica produz uma obra-prima “Jeanne Dielman” • Margarethe von Trotta, uma cineasta alemã denunciando formas de abuso em “Os Anos de Chumbo” • Gilda de Abreu, a primeira cineasta de sucesso no Brasil • O Cinema muito particular de Ana Carolina • Carla Camurati e o corpo a corpo para uma retomada do Cinema • Jane Campion e o multipremiado “O Piano”.
Aula 3 – Quatro cineastas homens que se curvaram ao mundo feminino e produziram obras-primas. • Satyajit Ray – A Esposa Solitária • John Cassavettes – Uma Mulher Sob Influência • Ingmar Bergman – Persona • Pedro AlmodÓvar – Tudo Sobre Minha Mãe e Fale Com Ela
Aula 4 – O Neo feminismo dos anos 2000 • Kathryn Bigelow, a primeira cineasta a ganhar o Oscar • Sophia Coppola, em busca de uma própria voz • Anna Muylaert, uma de nossas principais porta vozes com Que Horas Ela Volta, Anna Muylaert • Lucrecia Martel e a nova força do cinema Argentino • Greta Gerwig, uma nova promessa norte-americana • Kelly Reichardt, uma feminista desconstruindo o western em O Atalho e em First Cow • Retrato de Uma Mulher em Chamas e a força do novo cinema francês
Curso de Cinema: Feminino e Muito Particular
Por Hamilton Rosa Jr.
Rabeca Cultural
De 18 e 25 de fevereiro e 04 e 11 de março
Sempre às Quintas-feiras, às 20h
R$ 120,00 as quatro aulas ao vivo R$ 160,00 as quatro aulas ao vivo mais gravações R$ 40,00 aulas avulsas R$ 40,00 gravação de cada aula Online pelo aplicativo Zoom
Informações e inscrições 19 997206186 com Kha Machado
(Carta Campinas com informações de divulgação)