Em São Paulo – Pode ser vista no MASP – Museu de Arte de São Paulo até o dia 1 de agosto de 2021 a mostra “Degas”, com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP e Fernando Oliva, curador do MASP.
A mostra reúne o conjunto completo de 76 obras de Edgar Degas (1834-1917) do acervo do MASP, exibido ao público pela última vez há 14 anos. Os trabalhos do artista foram adquiridos na década de 1950, no contexto das aquisições promovidas por Pietro Maria Bardi (1900-1999), diretor fundador do museu, cujo foco estava na arte europeia.
A obra de Degas sempre se manteve em um lugar de ambiguidade, entre a tradição e a modernidade. Seu caráter inovador para a época fica claro nos trabalhos aqui expostos, especialmente na Bailarina de catorze anos (1880), situada na primeira sala da mostra. Com a escultura, Degas não pretendia representar uma bela jovem, mas sim, uma adolescente trabalhando arduamente para se tornar uma bailarina da Ópera de Paris.
Foi durante uma de suas frequentes visitas à Ópera que o artista conheceu Marie van Goethem, a estudante de balé retratada em sua obra mais famosa. Pouco se sabe sobre a vida dela, apenas que ingressou no balé da Ópera de Paris aos 13 anos e era filha de uma lavadeira e de um alfaiate em constante estresse financeiro. As bailarinas geralmente vinham de famílias de operários e trabalhadores que buscavam mobilidade social ou estabilidade financeira por meio da dança.
Sabe-se que uma de suas irmãs foi presa por roubar um cliente no célebre cabaré Chat Noir, localizado no bairro boêmio de Montmartre, em Paris. Depois desse episódio, Marie começou a faltar a várias aulas e acabou sendo dispensada da Ópera. Provavelmente como sua irmã, ela foi forçada à prostituição por sua mãe. Essas são algumas das narrativas que muitas vezes são deixadas de lado quando se observa esse que é um dos trabalhos mais emblemáticos do artista, da história da escultura e da coleção do museu.
A exposição é acompanhada por fotografias em preto e branco das esculturas — a Bailarina de catorze anos e outros bronzes —, em grandes dimensões, feitas especialmente para a mostra por Sofia Borges. A artista trabalhou ao longo de 2020 realizando incontáveis fotografias dos Degas do MASP, no acervo e na reserva técnica. Com sua câmera, ela reinterpreta e concebe novas imagens para esculturas que são verdadeiros clássicos no acervo do museu. Nesta operação, as extraordinárias fotografias de Borges revelam, transformam e atualizam as obras de Degas de forma inovadora e radical.
As imagens de Borges são exibidas nos cavaletes de vidro de Lina Bo Bardi e em painéis, na galeria do primeiro andar do museu, em diálogo próximo com as esculturas. A instalação com cavaletes e vitrines, numa sala pintada em dégradé e com um “fundo infinito” na cor preta, oferece uma experiência verdadeiramente imersiva para se ver e rever Degas. Duas outras fotografias de Borges são expostas na frente e no verso de um cavalete (numa montagem nova para o icônico dispositivo do museu), no local onde usualmente é exposta a Bailarina de catorze anos, no segundo andar, espaço para a coleção do museu.
A mostra Degas se insere na programação de um ano dedicado inteiramente às Histórias da dança no MASP.
O agendamento online é obrigatório para a visita à exposição, inclusive para as terças gratuitas, pelo link masp.org.br/ingressos. De 25/11 a 30/12, todas as quartas-feiras também terão entrada gratuita. Ingressos: R$ 45 (entrada); R$ 22 (meia-entrada).
As novas regras de visitação estão no site masp.org.br/visitasegura.
(Carta Campinas com informações de divulgação)