O espaço cultural Subsolo-Laboratório de Arte encerra o ano com a exposição “Nosso CORPO Ritual” com os artistas visuais Antônio Pulquério, Érica Sanches e Yohana Oizumi que exploram diversas modalidades artísticas. A mostra, sob curadoria de Andrés I. M. Hernández, abre na próxima sexta-feira, dia 13 de novembro, às 10h. Os interessados podem agendar o horário para visitar a exposição que seguirá os protocolos contra o Coronavírus, inclusive com agendamento do público para visitação.
Três instaurações – que é a performance em que o artista deixa vestígios materiais e concretos de sua atuação – vão acontecer no espaço no dia da abertura. Logo às 10h, Sanches apresentará sua obra de arte na área externa; às 10h30 será a vez de Pulquério realizar a performance na sala principal e às 11h, Oizumi encerra as apresentações na área externa da entrada. As ações serão transmitidas pelo Instagram do Subsolo: @subsololaboratoriodearte. Mas, além dessas ações, a mostra comporta uma série de obras de arte que vão da fotografia a cerâmica, desenho, vídeo, colagem e instalação que tomam as quatro salas expositivas.
A partir de um projeto criado dentro de um curso sobre meios e processos artísticos, realizado online durante os últimos oito meses devido à pandemia, os três artistas foram reunidos, virtualmente, para o exercício de buscar no outro as diferenças e semelhanças entre suas pesquisas artísticas. Da atividade nasceu o videoarte “Nosso Corpo Ritual” que é formado por três vídeos gravados separadamente, mas que estão unidos por um vínculo que atravessa a pesquisa de cada um deles: o círculo, elemento visual e ritual que mostra os pontos de convergência em suas poéticas. Como eles mesmo colocam, “estão buscando suas próprias camadas de ancestralidade e proteção, em seus próprios espaços e tempos, sem deixar de olhar o outro, como complemento de si mesmo”.
Com a obra de arte finalizada e já apresentada no curso, eles perceberam que tinham pronta uma exposição, bastava apenas encontrar um espaço. “Então lembrei do Subsolo, onde já expus, e decidimos solicitar uma data para o espaço cultural e a curadoria do Hernández”, explica Pulquério.
Segundo o curador, o curso e o exercício, específico, resultou em diálogos consistentes e aprofundados que levaram os artistas à criação de “Nosso Corpo Ritual” expandindo o significado dos vocábulos, de tal forma que ao analisarmos a palavra “Nosso”, no contexto que é apresentado, ele está ali para diluir a literalidade da poética na arte; já “Corpo” tem a função de dissolver o corpo como simbolismo do corpo humano e, finalmente, “Ritual” que neste caso surge para falar do ritual como processo e/ou pretexto do fazer artístico, que aborda questões culturais, questionamentos ligados às minorias etc. “Mas o mais importante é ver o ritual como o ‘fazer arte’”, coloca Hernández.
Além do videoarte, o curador propôs a apresentação das obras de arte de cada um para que mostrassem sua pesquisa particular. Com isso, as quatro salas serão tomadas por fotografias, desenhos, cerâmica, instalações, colagens e performances em um diálogo coeso e vibrante entre as investigações dos artistas visuais.
Cerâmica: meio de pesquisa comum aos três artistas
Antonio Pulquério, Erica Sanches e Yohana Oizumi transitam pela arte através das mesmas modalidades, como a cerâmica, comum aos três, ou a fotografia, a utilização de vídeo para representar suas pesquisas e questionamentos. Entretanto, cada um atua de forma diversa do outro.
Antônio Pulquério se formou no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. O artista comenta que primeiro se dedicou à cerâmica utilitária, mas a partir de 2010 passou a trabalhar exclusivamente com a artística desenvolvendo uma relação com a ancestralidade e a memória. No momento, sua pesquisa parte de um olhar particularizado sobre espaços de devoção, como os altares, encruzilhadas, entendendo que são lugares de acontecimentos e de pertencimentos, mas sem querer tratar conceitos de religiosidade ou fé. “Meu objetivo é propor novas experiências estéticas, porém sem negar os aspectos políticos e que atravessam minhas propostas artísticas”, explica ele.
Formada em artes visuais pela Universidade São Judas Tadeu, Érica Sanches atuou como arte educadora e passou para a carreira artística quando foi morar em Ubatuba. “Lá encontrei a tranquilidade e a subjetividade necessárias para a criação”, comenta a artista. Em sua pesquisa, Sanches se utiliza da cerâmica, fotografia, desenho, pintura, colagem e recentemente partiu para o vídeo. Através dessas modalidades a artista expõe suas investigações que se desdobram na dualidade presentes nos seres vivos, como equilíbrio e fragilidade, finitude e recomeço e feminino e masculino, equilíbrio e desequilíbrio, temas que permeiam suas obras, de forma implícita ou metafórica, em analogia com a humanidade.
A artista visual Yohana Oizumi é uma das formandas do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo de 2019. Sua pesquisa está voltada para a resistência de materialidades, como a argila, a linha, o papel diante do embate entre corpos através da performance, do desenho e da escultura até a exaustão da matéria e/ou de si. Através dessas modalidades artísticas ela questiona sistemas de controle social e suas consequências físicas e psicológicas ao desconstruir, reconstruir, aceitar e ressignificar marcas e moldes.
Apesar das dificuldades apresentadas neste ano de 2020 em decorrência da pandemia do Covid19, o Subsolo ainda teve a oportunidade de trazer para o público de Campinas exposições no espaço físico com Regina Silveira, Roxana Hartmann, Del Pílar Sallum, Kika Goldstein, Genivaldo Amorim, Fabiano Carrieiro, Lucimar Bello, Hugo Curti e Raquel Fayad; e inaugurou mostras virtuais como a de Livros de Artista e outras em parcerias com Rosana Naday, Josuê Pavel Herrera e Evandro Angerami.
Abertura da exposição “Nosso Corpo Ritual”
Quando: sexta-feira, 13/11 a 15/01/2021
Horário: das 10h às 17h30
Onde: Subsolo – Laboratório de Arte – Rua Proença, 1000 – Campinas (SP)
Agendamento para visitação: (11) 94965-5722 – de segunda a sexta, das 10h às 17h – visitas somente com máscaras.
Livre para todos os públicos
Entrada gratuita
(Carta Campinas com informações de divulgação)