Por um SUS de qualidade para todos e não um negócio para poucos
.Por Alexandre Padilha.
Com certeza todos já estiveram em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) seja para passar em consulta ou para tomar vacina. Sabe aquela equipe de profissionais de saúde que acompanham as famílias e visitam a casa das pessoas? Elas fazem parte da equipe do programa Estratégia Saúde da Família que foca no olhar integral e leva atendimento de saúde para mais perto das pessoas. Esse programa é constituído por uma equipe de médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde.
Ainda de apoio a essa equipe, também compõe o atendimento nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, farmacêuticos, dentistas. O Brasil conta com cerca de 44 mil UBS que são a porta de entrada para o nosso Sistema Único de Saúde (SUS), esse atendimento está inserido no que chamamos de Atenção Primária em Saúde, que tem os municípios como gestor.
Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que 60% da população brasileira é atendida por uma equipe do Estratégia Saúde da Família, mas infelizmente isso vem caindo no governo Bolsonaro. Segundo a pesquisa nacional de saúde do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada em 2019, 38.4% dos domicílios revelaram ter recebido uma visita mensal de agentes comunitários de saúde ou de algum outro membro da Equipe de Saúde da Família no ano passado. Em 2013, esse número era de 47.2%
Estou explicando como funciona este que é o principal atendimento no SUS porque foi assustador o decreto que o governo Bolsonaro anunciou esta semana, que foi revogado horas depois pela repercussão negativa, que autoriza estudos para participação de empresas privadas no SUS, sem o consentimento dos municípios. Mais parece que o governo pensa que o atendimento prestado nesses serviços não é um direito ou forma de cuidar, mas sim uma oportunidade de negócios para a privatização da Atenção Primária, quer vender algo que nem é de responsabilidade dele.
O decreto sugere a transferência para iniciativa privada para ampliação e construção de UBS, o que é estranho imaginar que o governo está pensando na expansão dos postos de saúde tendo em vista que autorizou a retirada de recursos para a Atenção Primária, desmontou o programa Mais Médicos que atendiam exatamente nessas unidades, e criou uma agência privada para atenção primária.
Junto com outros deputados federais, apresentamos um Projeto de Decreto Legislativo para suspender este decreto, o que se somou as inúmeras manifestações contrarias a medida e que fizeram o governo recuar na proposta.
Nós, que defendemos um SUS gratuito e universal, que queremos vacinas para todos precisamos também de uma Atenção Primária em Saúde para todos para que a vacina chegue as pessoas. E não que esses serviços sejam tratados como negócios financeiros que atendem poucos.
Alexandre Padilha é médico, professor universitário e deputado federal (PT-SP). Foi Ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.
Quando vamos derrubar o ecogenocida?
Parceria público privada implica em Gestão Compartilhada, atendimento em Unidades Privadas (e nunca em UBSs) e de modo Integrado em Rede com o Sistema Público de Saúde. Do contrário seria sim privatização!