Um retrato do Brasil. Veja trecho da entrevista do artista plástico Nuno Ramos, à Revista Época. Um retrato de um Brasil em agitação para o nada, o vazio. Nuno Ramos pintou o Brasil em algumas palavras.
“O que o fascismo me mostra, vivendo-o agora por dentro, é que ele é uma agitação que não leva a lugar algum, a não ser à destruição. E vão levar o país junto. Só vai sobrar o que essa gente não enxergar. A indiferença pela vida, o Brasil sempre teve. Não é criação bolsonarista. A gente sempre topou deixar muita gente morrer, tolerando o intolerável. Temos mais de 100 mil mortes ao ano que dava para dar um jeito, né? Agora, o grau de elaboração que isso tomou nos levou ao plano do inominável. Lembro de uma observação de Adorno (Theodor W. Adorno), de que depois de Auschwitz não seria mais possível escrever poesia. O que você faz com a crueldade que temos passado? São inversões malucas.
Agora, o grau de elaboração que isso tomou nos levou ao plano do inominável…
Gosto da palavra ‘naturalização’. Bolsonaro foi naturalizado. E, com isso, naturalizaram uma barbaridade…
O que fizemos foi eleger talvez o pior brasileiro entre os 210 milhões. O conceito de aristocracia remete ao governo dos melhores. Estamos com o governo do pior. É difícil explicar por que cometemos um harakiri político.
O Brasil tem um fundo de violência, uma incapacidade de assimilar e respeitar quem está fora do jogo. A única coisa normal é que ele foi eleito. Isso conta e temos que tirá-lo pela democracia, com rigorosa anunciação do rito democrático, sem falhar em nenhum pontinho. Senão, daqui a pouco chegaremos a um ponto quando não poderemos eleger mais ninguém. (Entrevista Completa AQUI)