.Por Carlão do PT.
Infelizmente as matérias com esse título têm sido constantes na imprensa escrita, falada e televisiva, mas agora acrescenta-se à matéria título a palavra sufocado.
Hoje, por tudo que a Polícia Militar tem feito contra o povo negro – e que para eles é sempre suspeito – o medo provoca a cada pessoa uma reação ao ver próximo a si, uma movimentação de carro da PM. Negros sabem que eles são capazes e que podem ser o alvo letal, aumentando a estatística do extermínio do Povo Negro, do genocídio da Juventude Negra.
Policiais militares foram flagrados agredindo na madrugada de hoje, com socos, chutes e cassetetes um jovem que estava rendido e que, ao tentar se defender, dizia ser trabalhador e que estava na casa da namorada.
A PM o deixou desacordado após uma abordagem violenta na comunidade de Jardim Ariston, localizada na cidade de Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo.
De acordo com a nota da SSP (Secretaria da Segurança Pública), dois rapazes teriam desobedecido a ordem de parada e colidido com a moto em uma viatura. O homem agredido dirigia a moto.
De maneira alguma defendemos atitudes erradas das pessoas e, nesse sentido, é que nos referimos a ação truculenta da abordagem dos policiais militares, se utilizando da violência física e da condição de vantagem em número de policiais.
O rapaz agredido pelos Policiais Militares foi sufocado até desmaiar e quando recobrou os sentidos (acredito), é novamente golpeado no pescoço. Tudo isso assistido por uma plateia de PMs que, no entorno do cenário, apreciando, só poderiam estar sentindo prazer em ver aquela cena, que para nós significa todo ódio que têm (os policiais) por nós negros e que vem sendo expressado cotidianamente com agressões físicas com socos, chutes, cassetetes, tapas na cara, e agora, seguindo o exemplo do policial que assassinou nos Estados Unidos George Floyd, o sufocamento.
Queremos saber quem é e será por nós população negra, que perdemos a garantia do direito de ir e vir, que não temos mais segurança de caminhar pelas ruas porque somos perseguidos e corremos risco de morte motivado pela cor da nossa pele preta!
Acreditamos que ainda a polícia tem, em sua formação, particularidades que são resquícios do período conhecido como Ditadura Militar (1964-1985). Ou seja, autoritarismo, arbitrariedade e violência extrema. Sendo assim, fica claro que as ações desastradas e violentas, da polícia, no dia a dia, são reflexo, entre outras coisas, de uma formação autoritária fragmentada. Falta treinamento adequado, os salários são baixos e os métodos de seleção dos ingressantes deixam a desejar. É claro que existem bons profissionais.
Além disso, durante o treinamento, nas academias, ensina-se muito pouco de direitos humanos e cultura cidadã. Resultado: temos um policial, que é despreparado para lidar com situações adversas. Some-se a isso, o estado de tensão permanente a que são submetidos nos quarteis e nas ruas. O método de abordagem, em muitos casos, é ineficaz. Há situações de morte. Isso tem ocorrido cotidianamente.
Precisamos lutar para Desmilitarizar a Polícia Militar e responsabilizar o Governo do Estado de São Paulo por crime contra os Direitos Humanos e de Genocídio da Juventude Negra.
Carlão do PT é vereado e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de Campinas