A decisão do governo Bolsonaro de atrasar e omitir os dados das mortes por Covid-19 por questões ideológicas e de censura coloca o Brasil ao lado da ditadura da Coréia do Norte, informa reportagem da RFi. O site do Ministério da Saúde do Brasil, que publica dos dados, chegou a ser retirado do ar na tarde de sábado, 06 de maio. Depois, reapareceu modificado: apenas o número de mortes das últimas 24 horas é mencionado, além dos novos casos registrados e os pacientes que se recuperaram da doença.
De acordo com reportagem da RFi, apenas a Coreia do Norte não informa as estatísticas da pandemia. Outros países como Venezuela e Arábia Saudita são relatados por ONG internacional por ter subnotificações como já acontecia no Brasil antes da tentativa do governo Bolsonaro de omitir os dados. Brasil estava ao lado da Venezuela e Arábia Saudita, mas agora se iguala à Coreia do Norte.
Reportagem da Reuters, de abril deste ano de 2020, dizia que a Coreia do Norte tinha 500 pessoas em observação, mas nenhum caso confirmado. Apesar de ter grande parceria comercial com a China, que foi o primeiro país e relatar o vírus para a OMS (Organização Mundial da Saúde) e com a Coreia do Sul, que teve números de infectados.
Em nota, republicada por Bolsonaro, o ministério tentou justificar as manobras de omissão, ao argumenta que a atraso na divulgação dos dados – agora feita às 22h – é para “evitar subnotificação”.
A alteração acontece um dia depois de o secretário especial da Saúde, Carlos Wizard, proprietário da escola de inglês Wizard, dizer que o governo vai “recontar” o número de mortos porque considera os dados “fantasiosos ou manipulados” sem apresentar qualquer prova ou mesmo indício de erro e após Bolsonaro criticar a divulgação na imprensa.
O Ministério Público Federal (MPF) abriu um procedimento para apurar as razões da mudança. O Ministério da Saúde terá 72 horas para dar explicações.
A Sociedade Brasileira de Infectologia também publicou uma nota de repúdio. O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes declarou, pelo Twitter, que “a manipulação de estatísticas é manobra de regimes totalitários” e “o truque não vai isentar a responsabilidade pelo eventual genocídio”.
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