Uma fibra óptica feita de alga marinha foi produzida por pesquisadores na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), uma das três grandes universidades públicas do estado de São Paulo. A fibra ótica desenvolvida é comestível, biocompatível e biodegradável, anota reportagem de José Tadeu Arantes, da Agência Fapesp.
Ela é feita ágar, também chamada de ágar-ágar, que é uma gelatina natural extraída de algas marinhas. “Nossa fibra óptica consiste em um cilindro de ágar, com diâmetro externo de 2,5 milímetros [mm], e um arranjo interno regular de seis orifícios cilíndricos de ar, com 0,5 mm de diâmetro cada um, circundando um núcleo sólido. A luz é confinada devido à diferença entre os índices de refração do núcleo de ágar e dos buracos de ar”, disse Eric Fujiwara, da Faculdade de Engenharia Mecância da Unicamp.
Os pesquisadores acreditam que a fibra ótica poderá ser usada para produzir imagem de estruturas corporais, fototerapia ou optogenética (por exemplo, a estimulação de neurônios pela luz para estudo de circuitos neuronais) e até entrega localizada de medicamentos dentro do organismo, já que pode ser absorvida pelo corpo humano.
A nova fibra foi testada em diferentes meios: ar, água, etanol e acetona. E verificaram que ela é sensível ao contexto. “O fato de a gelatina sofrer alterações estruturais sob variações de temperatura, umidade e pH torna a fibra adequada para fins de sensoriamento óptico”, afirma Fujiwara.
A pesquisa, apoiada pela agência pública de financiamento de São Paulo (Fapesp), foi desenvolvida e liderada pelos professores Eric Fujiwara (Faculdade de Engenharia Mecânica, Unicamp) e Cristiano Cordeiro (Instituto de Física GlebWataghin, Unicamp), em colaboração com o professor Hiromasa Oku (Universidade de Gunma, Japão).
A descoberta foi publicada no periódico Scientific Reports, do Grupo Nature. O artigo Agarose-based structured optical fibre pode ser lido em www.nature.com/articles/s41598-020-64103-3. (Com informações de José Tadeu Arantes, da Agência Fapesp)