Os estudos mais recentes sobre o coronavírus divulgados na última semana na França e nos Estados Unidos apontam que a obesidade é um fator de risco para pessoas jovens e está presente em mais da metade dos pacientes internados.
Dados divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, no dia 08 de abril, revelam que a obesidade é a condição mais comum entre pacientes com Covid-19 hospitalizados entre 18 e 65 anos. O relatório do COVID-NET foi realizado entre 1 e 30 de março, primeiro mês de vigilância nos Estados Unidos, em 99 municípios de 14 estados americanos.
Para aproximadamente 180 adultos hospitalizados 89,3% apresentavam doenças crônicas pré-existentes, sendo as mais comumente relatados a hipertensão (49,7%), obesidade (48,3%), doença pulmonar crônica (34,6%), diabetes mellitus (28,3%) e doença cardiovascular (27,8%). Entre jovens e adultos internados, com idades entre 18 e 49 anos, 59% são obesos.
Na faixa etária entre 50 e 64 anos, o número de obesos nos leitos é de 49%. Apenas entre idosos, com idade igual ou superior a 65 anos, a obesidade é superada pelos casos em que pacientes apresentam histórico clínico de hipertensão arterial.
Já os médicos do centro de saúde da NYU Langone, em Nova York realizaram o maior estudo até agora de internações nos EUA para o Covid-19. Intitulado “Fatores associados a hospitalização e doença crítica entre 4.103 pacientes com doença de COVID-19 na cidade de Nova York “, publicada em 11 de abril no servidor de pré-impressão medRx, o estudo constatou que a obesidade, depois da idade, é o que pode indicar o papel das reações hiperinflamatórias que ocorrem nas pessoas com a doença.
“A condição crônica com a associação mais forte com doenças críticas foi a obesidade, com uma razão de chances substancialmente mais alta do que qualquer doença cardiovascular ou pulmonar”, escreveu o principal autor Christopher M. Petrilli, da NYU Grossman School.
Em outro estudo da Universidade de Lille, na França, publicado pelo Instituto Lille Pasteur, o Departamento de Terapia Intensiva e o Centro Integrado de Obesidade da cidade francesa de Lille apontam que a obesidade está associada a casos mais graves do coronavírus, nas situações em que é necessário o uso de respiradores.
Segundo a pesquisa, a gravidade da doença aumenta de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC) do paciente. O resultado mostra que, de maneira geral, 68,6% dos pacientes com IMC acima de 30 e obesidade grave precisaram de ventilação mecânica durante o internamento. A proporção de pacientes que necessitaram de ventilação mecânica foi maior nos pacientes com IMC >35 kg/m2 (85,7%).
“Por meses, a idade e doenças como diabetes e hipertensão apareceram como fatores determinantes de risco, mas agora estudos conduzidos nos Estados Unidos e na França constataram que a obesidade é fator crônico mais importante e o maior marcador para fator de agravamento, principalmente em pacientes jovens e em pacientes que necessitam de respiradores nos hospitais”, avalia o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica (SBCBM), Marcos Leão Vilas Bôas. (Com informações de divulgação)