Cerca de 10 milhões de microempresários e microempreendedores (MEI) estão abandonados pelo governo federal durante a pandemia de coronavírus. Eles não se encaixam nas medidas econômicas anunciadas pelo governo, que contemplam famílias que ganham até três salários mínimos (R$ 3.135) ou pequenas empresas que faturam mais que R$ 360 mil ao ano. Isso porque existem cerca de 4 milhões de MEIs que recebem mais de três salários mínimos e cerca 6 milhões de pequenos empresários com faturamento também maior do que isso.

É o que mostra reportagem de Thais Lazzeri, da Repórter Brasil. Segundo o texto, os brasileiros dessa faixa foram fortemente impactados com a crise provocada pelo coronavírus e esses microempresários esquecidos também terão mais dificuldades para se recuperar após a tormenta. “Eles não têm como fazer reserva. As emergências econômicas sempre estiveram ali, mas agora a escala é outra”, afirma Adriana Barbosa, empreendedora social da plataforma Preta Hub.
Segundo a economista brasileira Monica de Bolle, da universidade norte-americana John Hopkinsdiz isso é mais um escândalo do governo Bolsonaro. “O governo não fez nada até agora para nenhuma dessas pessoas e muito pouco para os que estão ainda mais vulneráveis”, diz.
Veja mais trecho da reportagem:
Esses microempresários, que vão deixar de vender, também vão deixar de comprar. O impacto, escalonado, será em todas as camadas — atingindo primeiro o micro e o pequeno, mas também empresas maiores. “Por isso o governo precisa, obrigatoriamente, fazer um aporte gigantesco para manter a economia estimulada. Sem esquecer, claro, dos recursos para saúde e tecnologia. Porque não adianta trabalhar em uma frente e deixar a outra descoberta”, afirma a economista Ester Dweck, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, citando o governo americano que anunciou um pacote de mais de U$ 1 trilhão.
“Essa é uma crise sanitária e econômica, não tem como dissociar uma da outra. E o governo responde com total incompetência tanto no entendimento da gravidade quanto no atraso de uma resposta”, afirma Bolle. Ela e outros economistas estão trabalhando nos bastidores para ajudar a concretizar medidas emergenciais. “Nossa atuação tem sido com o Congresso porque o Executivo morreu.”
Para o professor da Unicamp, Marco Antonio Rocha, os R$ 600 aprovados pelo Congresso socorrem o empresário, mas não a empresa. E, no caso dos que trabalham por conta própria, eles continuam sem assistência direta por parte do governo.
“Uma parcela grande desses empreendedores, quase 70%, saiu da última crise econômica, em 2015, com carência de capital de giro. Muitos, com dívidas. Então a gente não está falando, apenas, de inviabilidade do negócio e não ter crédito frente ao coronavírus, mas que essa população vai ser jogada para uma carência total se não agirmos”, afirmou Marco Antonio Rocha, da Unicamp.
A Repórter Brasil pediu, com insistência, posicionamento do Ministério da Economia, mas as questões enviadas não foram respondidas.
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