Os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estão desenvolvendo um protótipo de ventilador pulmonar mecânico para ser reproduzido em massa, de forma simples, rápida e barata, com recursos disponíveis no mercado nacional.
Desenvolvido no Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular (LEP), da Coppe/UFRJ, o equipamento poderá contribuir para suprir, emergencialmente, a crescente demanda dos hospitais por esses aparelhos, em decorrência da pandemia de COVID-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.
A estimativa é de que o Brasil necessitará, nas próximas semanas, de mais de 20 mil ventiladores pulmonares mecânicos para atender os casos que chegarão aos hospitais, principalmente os mais graves de falta de ar e dificuldades respiratórias. A produção atual de ventiladores por empresas brasileiras é da ordem de 2 mil por mês, e, mesmo com a produção acelerada, tais empresas não conseguirão atender à demanda.
A fim de reduzir essa lacuna, pesquisadores do LEP iniciaram uma campanha para obter financiamento e parcerias com empresas e instituições privadas e públicas. O objetivo é viabilizar a produção do protótipo, com rapidez e em larga escala. A iniciativa conta, agora, com a colaboração de pesquisadores de cinco programas de pós-graduação da Coppe/UFRJ, além de outras unidades da Universidade e de diversas instituições de pesquisa do país. Várias empresas de grande porte têm se prontificado a ajudar no desenvolvimento, distribuição e financiamento do projeto.
Segundo o professor Jurandir Nadal, chefe do LEP, a proposta é possibilitar a ventilação mecânica com diferentes concentrações de oxigênio e pressão compatíveis com pacientes que apresentem angústia respiratória. Ao mesmo tempo, válvulas de segurança protegem o paciente de pressão excessiva e filtros especiais evitam que o ar expirado espalhe coronavírus no ambiente e possa contaminar os profissionais de assistência intensiva.
Uma versão preliminar do ventilador foi criada com recursos disponíveis no LEP – envolvendo o emprego de válvulas solenoides e outras – e apresentou um bom resultado em um modelo físico de pulmão configurado em condições semelhantes às de pacientes com insuficiência respiratória.
No momento, adaptações vêm sendo feitas para a construção de um protótipo mais adequado à produção em escala industrial, o qual deverá ser testado em pacientes, até a próxima semana, de acordo com a aprovação de um comitê de ética em pesquisa com seres humanos.
“A exemplo do Reino Unido, que lançou um edital mundial para a submissão de propostas de ventiladores já existentes e aprovados para uso clínico (…), considero oportuno adotarmos um esforço coletivo semelhante, visando salvar vidas”, ressaltou Nadal.
A ventilação mecânica é aplicada a pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), sedados ou em coma induzido, por meio de um tubo inserido na traqueia. O ventilador proposto, classificado como ventilador de pressão, fornece uma mistura de ar rico em oxigênio com pressão suficiente para vencer a resistência do pulmão doente.
“O ventilador pulmonar em desenvolvimento não pretende ser mais completo e versátil que os ventiladores de última geração disponíveis nas UTIs. Pelo contrário, é um recurso simples e seguro, porém emergencial, que deve ser utilizado somente quando não houver um equipamento padrão disponível, como pode acontecer em alguns locais durante a pandemia”, esclarece Nadal. (Com informações de divulgação da UFRJ)