“A Parada não para; a Parada não para”. Na próxima segunda-feira, 9, o célebre jargão que anuncia o início de mais uma Parada Poética completa mais um ano de existência e resistência na antiga Estação Ferroviária de Nova Odessa. São sete e, ao todo, 79 edições regadas à poesia e intervenções artísticas dos convidados e do público presente, que é essencial para a longevidade do projeto.
Para dar um charme especial às comemorações de aniversário, a performance principal fica por conta da poeta – quase octogenária – Edite Marques da Silva, a Dona Edite – personalidade icônica e diva do Sarau da Cooperifa, no bar do Zé Batidão – zona sul de São Paulo.
“Não é a primeira vez que a recebemos e é sempre um prazer. A Dona Edite é sinônimo de pura poesia, de luta, de superação, e tê-la conosco, nesta edição ímpar da Parada Poética, significa muito. Literalmente, a participação dela é um presente a ser compartilhado com as pessoas que dedicam umas horinhas da segunda-feira para vivenciarem uma experiência diferente. Porque é isso: a poesia é uma experiência que envolve a troca, é tocar o outro, seja com palavras ou até mesmo com o silêncio”, explica Renan Inquérito, um dos organizadores da Parada Poética.
Deficiente visual desde os anos 80, Dona Edite nunca se afastou da literatura e da poesia. Para isso, ela conta com a ajuda das suas irmãs, da sua sobrinha e de um walkman (aparelho portátil que reproduz e grava áudios em fita cassete – popular nos anos 90). Aliás, é por meio dele que ela tem a possibilidade de ouvir diversos livros e poesias.
Além das palavras e do conhecimento compartilhado pela Dona Edite, o microfone é aberto para que os poetas da vida real deem vazão às suas expressões artísticas e sentimentos. Dividindo o espaço com a apito do trem, a trilha sonora é comandada pelo DJ Viny.
A entrada é gratuita e as ideias também.
Criada em 2013 pelo poeta, rapper e geógrafo Renan Inquérito, a Parada Poética surgiu da necessidade de promover um evento voltado à poesia e intervenções artísticas durante um dia da semana na região, com o objetivo de reunir os amantes desta arte.
Realizado no coração da cidade uma vez por mês, em toda segunda segunda-feira, o sarau, que virou tradição e hoje faz parte da agenda cultural do município, já recebeu artistas como os rappers Emicida e Rashid; Fernando Anitelli, do O Teatro Mágico; o escritor Marcelino Freire e diversos poetas, como Luz Ribeiro, Mel Duarte, Luiza Romão, Ni Brisant e Daniel Minchoni.
Em 2019, a Parada Poética ganhou um documentário, que está disponível no YouTube, resultado de mais de 70 edições entre jogos de palavras e intervenções, reunindo histórias, pessoas, protestos, declarações, distribuindo ensinamentos, trocas poéticas e musicais, tecendo, assim, uma ligação e intimidade com a cidade, com as pessoas, com a Estação Ferroviária.
Ao longo desses sete anos, a Parada Poética já passou por diversas cidades e Estados brasileiros, fazendo uma parada em Londres, além de ter sido premiada pelo Ministério da Cultura na categoria “Circulação e Difusora Literária”. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Parada Poética, em Nova Odessa
Quando: segunda-feira (9), às 19h
Onde: Estação Cultura – Rua Primeiro de Janeiro, 15, Centro