Reportagem do jornal O Globo revela que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), que sempre disse que sua relação com o miliciado e ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega se resumia a “reconhecer seu trabalho contra o crime no Rio”, na verdade tinha uma ligação mais próxima com o miliciano.
Adriano Magalhães da Nóbrega era acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de ser o miliciano que comanda o Escritório do Crime – o maior grupo de extermínio em ativa na favela Rio das Pedras. Ele foi morto pela polícia da Bahia neste mês. As investigações apontaram ligação entre o grupo e o assassinato de Marielle Franco
A revelação dada ao jornal é do vereador do Rio, Ítalo Ciba (Avante), sargento da Polícia Militar. Ele contou em entrevista ao jornal que, quando esteve na prisão com Adriano, os dois receberam “mais de uma vez” visitas de Flávio Bolsonaro. Além disso, segundo ele, o ex-capitão do Bope frequentava o gabinete de Flávio a convite de Fabrício Queiroz, ex-chefe da segurança de Flávio.
Segundo a reportagem, Ciba integrava o Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 16º BPM (Olaria), comandado por Adriano. Em 4 de novembro de 2003, ele, Adriano e outros seis policiais receberam de Flávio na Assembleia Legislativa uma “moção de louvor”. Alguns dias depois, porém, os integrantes do GAT foram presos e começaram a responder um processo criminal por homicídio, tortura e extorsão. Nesse período, Flávio os visitou na prisão. Questionado sobre as visitas, o senador respondeu, por nota, que esteve apenas uma vez na cadeia, em 2005, para ver Adriano e entregar a medalha Tiradentes — maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). “Não há nenhuma relação de Flávio Bolsonaro ou da família com Adriano”, diz a nota.
O jornal pediu, via Lei de Acesso à Informação, os registros das visitas a Adriano e aos outros sete policiais do GAT do 16º BPM na prisão, mas a PM negou alegando sigilo.