As exposições dos artistas visuais Lucimar Bello, com Lucimares 2020, e Edson Françozo, com Intervalos da Memória, poderão ser vistas a partir desta quinta-feira, 20 de fevereiro, no Subsolo – Laboratório de Arte. A abertura será às 18h na Rua Proença, 1000, em Campinas (SP), tendo à frente o curador Andrés I. M. Hernández e Danilo Garcia, que é produtor executivo do espaço.
Lucimar Bello explora diversas modalidades artísticas para expressar sua arte, passando pelo desenho, performance, instalações, vídeos e assemblage, entre outras. A convite do Subsolo, ocupará duas salas do espaço cultural trazendo obras de arte que vão de 1974 até hoje. A primeira sala abrigará Lucimares 2020 composta de desenhos (guaches) e trabalhos realizados em residências artísticas no país e no exterior por meio de premiação.
A mini biblioteca composta por 24 mini livros chamada de Estante 3, de Lucimar, também estará exposta. Essa obra foi criada a partir de livros de literatura que ela leu entre 2016 e 2017. Para cada livro, ela fez um mini livro. Segundo a artista, os interessados em conhecer os mini livros poderão lê-los junto com ela. “As crianças gostam muito dessa interação com a obra. Aliás, também gosto muito de ter uma interlocução com professor de arte, poetas, artistas, sobre essas obras”, diz a artista.
Ainda na primeira sala, poderão ser apreciados 11 desenhos que compõem as obras Viagens por Fazer e Viagens de Vezes, ambas séries de 2011, que têm por inspiração as viagens realizadas pela artista, e as que também não fez, e que foram traçadas sobre mapas. Já As coisas que não existem são mais bonitas, também de 2011, foi construída a partir de fragmentos de papel utilizados para limpar o chão.
Na segunda sala, o público terá a oportunidade de ver os livros de artista frutos da residência que Lucimar fez no Djerassi Residente Artists Program no ano passado na Califórnia (EUA). Lá ela criou As imagens aprendem a andar; A floresta amazônica: verdade; Computadores não tem cabelo; Meu chão é meu próprio corpo. Além desses, também, serão expostos outros trabalhos que a artista fez ao voltar ao Brasil. Como coloca Hernández, as obras de artes de Lucimar são “resultado de uma pesquisa que aponta a delicadeza, simpatia e alegria como necessidades vigentes no mundo, assim como o necessário deslocar-se para participar”.
Para Lucimar, expor no Subsolo é participar de um espaço de pesquisa, de criação e de circulação dos trabalhos de arte. “É um espaço de arte contemporânea que acolhe idades, percursos, pessoas diferentes e impulsiona o que chama ‘sistema de arte’ em Campinas e não somente na cidade, já que é um espaço nacional e internacional. Por isso tudo, vejo com muito carinho esse percurso do Subsolo nesses dois anos completados recentemente, que já tem uma maturidade que vai muito além dessa maturidade física”, ressalta a artista.
A memória segundo Edson Françozo
Edson Françozo optou pelo pinhole, técnica desenvolvida nos primórdios da fotografia, para falar sobre memória. O artista, que vive e trabalha em Campinas, no intuito de encontrar significado nos objetos elaborou um ensaio fotográfico com oito imagens captadas em ambientes domésticos e pensadas a partir da leitura do livro de antropologia de Daniel Miller (The Comfort of Things – O conforto das coisas).
Segundo o artista, que já foi professor de linguística na Unicamp, Miller investiga o que chama de cultura material. Isto é, ele fala do significado e sentido cultural de que os artefatos se revestem. “Especificamente, ele estudou os objetos que as pessoas têm em suas casas (salas, quartos, etc.) com o fim de identificar os elos culturais de que esses objetos se revestem. Por exemplo, qual o sentido das fotografias que temos em nossas paredes ou guardamos em álbuns? São de lugares que visitamos, de antepassados? E por que os expomos ou mostramos às visitas?”, explica Françozo, que acredita que a memória é um dos ingredientes da elaboração desses sentidos. Não apenas para o habitante de uma residência. Imagens de partes de uma residência revelam algo sobre seus habitantes. E o fazem a partir de uma ausência que a memória do espectador preenche. Sombras e luzes, intervalos da memória.
Indagado sobre o motivo de utilizar o pinhole para fazer o ensaio, Françoso disse que houve duas razões. A primeira porque é uma técnica fotográfica alternativa, que remonta aos primórdios da fotografia e das artes visuais – portanto, harmoniza-se com a ideia de trabalhar a memória. “A segunda porque o foco extremamente suave, às vezes as tremidas causadas por longas exposições manuais, e sem dúvida as duplas exposições (às vezes acidentais) contribuem para um clima de imprecisões, fronteiras fluidas que convidam o espectador a ir além do que a imagem contém, complementando-a”, explica Françozo.
E para completar a pesquisa artística, Françozo decidiu imprimir as imagens em papel de arroz, que tem uma gramatura mais leve e é destinado à escrita e pintura oriental, com o intuito de trazer as delicadezas e sutilezas dos liames da memória, como disse. “Penso que esse tipo de suporte tem muito a ver com o pinhole na medida em que nessa técnica, decididamente artesanal, também se ‘escreve’ com ‘traços’ incorrigíveis”, ressalta o artista. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Abertura das exposições: Lucimares, 2020, de Lucimar Bello, e Intervalos da Memória, de Edson Françozo
Dia: 20 de fevereiro de 2020 (quinta-feira)
Horário: das 18h às 21h30
Local: SUBSOLO – Laboratório de Arte, na Rua Proença, 1000 – Jardim Proença – Campinas (SP)
Visitação: de 21/02 a 19/03, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, com agendamento pelos telefones (11) 949-655-722 e (11) 982-590-966
Livre para todos os públicos
Entrada gratuita