.Por Sandro Ari Andrade de Miranda.
O termo ressonância foi adotado pelo Alemão Hartmut Rosa para analisar os processos relacionais, não necessariamente conscientes, do indivíduo com os outros e com o meio. Há uma diferença entre este conceito e a interdependência da sociologia de origem durkheiniana, pois a ressonância presume a presença de uma resposta, de uma experiência, enquanto a segunda pode ser apenas potencial. O conceito foi originalmente cunhado para analisar relações dentro de uma sociedade administrada pelo tempo e no espaço, mas pode servir para trabalhar outros aspectos da vida social, inclusive afetivos e emocionais.
Desta forma, é possível falar em ressonância e amor, alargando uma esfera antes dominada por respostas positivas e negativas diretas, lineares, por meio da reciprocidade. O amor não é uma relação social necessariamente recíproca, muitas vezes está longe disto, mas pode ser considerada como uma relação ressonante. As relações afetivas sempre oferecem respostas, muitas vezes diversas da pretendida pelos interessados, mas que podem ser modificadas ao longo do tempo, além de apresentar gradações distintas de intensidade.
Além disso, pensar o amor como um processo ressonante, aberto permite pensá-lo como um sentimento que envolve um maior grau de liberdade entre os envolvidos, pois os relacionamentos amorosos não são lineares. É evidente que é preciso trabalhar melhor o conceito para compreender comportamentos patológicos, possessivos e violentos, pois neste tipo de relação as respostas são impostas à força, muitas vezes não há ressonância, mas repulsa. Na física, ressonância significa vibrar na mesma frequência, nas relações afetivas também. Logo, relações com repulsa não podem ser incluídas na esfera do amor.
É exatamente por isto que pensar relacionamentos afetivos ressonantes é propor um modelo alicerçado com maior liberdade. Se o amor não é necessariamente recíproco, resultado de respostas comuns, ele pode ser ressonante, quando duas ou mais pessoas comungam sentimentos que trilham no mesmo caminho, na mesma “frequência energética”, como resultado de uma troca. É por isto que algumas respostas físicas, como coração acelerado, corpo aquecido, dentre outras, são características dos romances.
Os relacionamentos se consolidam ou não por acordos emocionais, quando os desejos e os sentimentos se manifestam. A troca é algo importante nos processos afetivos. É por esta razão que o amor platônico é um conceito vazio. Ninguém ama sozinho. Se não existe troca, se não existe intercâmbio afetivo, pode até existir uma relação interdependente, mais jamais uma relação amorosa. É por isto que muitas vezes as pessoas se frustram nos seus romances, porque amam sem respostas. E amor verdadeira leva à felicidade, mesmo que com pequenas frustrações. Quando só existem frustrações, pode até existir uma dependência afetiva, mas nunca amor. (Do blog Sustentabilidade e Democracia)