Por que Greta Thunberg e a Internet inspiram as pessoas?
.Por Denise Argemi.
A importância de um ambiente saudável para a manutenção dos seres vivos no planeta vem sendo debatida, há anos, em face das inúmeras descobertas que emergiram das pesquisas científicas realizadas. Uma das mais relevantes constatações das pesquisas internacionais é que o ser humano tem uma grande cota de participação na degradação do planeta.
E por essa razão inúmeras iniciativas conjuntas, de alguns países e organizações não-governamentais, reuniram esforços legais e ambientais para adotar boas práticas, visando eliminar algumas dessas ações humanas que incidem diretamente na deterioração de todo um sistema ambiental que fornece as condições basilares para a nossa existência.
A comprovação da contaminação de agentes tóxicos na terra (no Brasil inclusive consistente na liberação de inúmeros agrotóxicos utilizados no agronegócio, notadamente cancerígenos, e não utilizados em outros países), na água e no ar decorrentes de ações globais, principalmente ligadas ao desenvolvimento da indústria, foi comprovada pelos estudos feitos, que estão diretamente relacionados com o surgimento de diversas patologias e doenças terminais nos seres humanos e que também extinguem a fauna e flora.
Nesse contexto mundial surge a figura da menina sueca de 16 anos, Greta Tintin Eleonora Ernman Thunberg, diagnosticada aos 11 anos como portadora da síndrome de Asperger, um tipo leve de autismo, transtorno do espectro do autista (TEA), que não compromete o desenvolvimento mental do individuo.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, ligada à Organização Mundial da Saúde “evidências científicas disponíveis sugerem que provavelmente há muitos fatores que tornam uma criança mais propensa a ter um TEA, um deles é o ambiental.
Aos 8 anos, na escola, foi a primeira vez que Greta ouviu falar sobre a crise climática ao assistir uma projeção sobre o ambiente, mostrando os efeitos do aquecimentos global os ursos e a grande presença de objetos plásticos lançados nos oceanos. Ela refere que desde então a inércia dos adultos para resolver a questão passou a ser tema constante em sua vida.
Em agosto de 2018, com a aprovação dos pais, Greta deixou de ir às aulas nas sextas-feiras. Passou a protestar diante do Parlamento sueco, para que ações concretas fossem tomadas para diminuir o impacto climático. Após as publicações que fez no Twitter e no Instagram a manifestação antes isolada, com o auxílio da internet tomou corpo e milhares de jovens aderiram à causa.
A partir de então a menina lidera uma campanha global dirigida aos adultos chamada “Fridays For Future“.
Nem ela nem seus pais viajam de avião para evitar o lançamento de gases poluidores. Assim, Greta saiu de Plymouth, na Inglaterra, na primeira quinzena de agosto em uma viagem de duas semanas em direção a Nova Iorque para o Summit sobre o Clima, no dia 23/09, na ONU. Acompanhada pelo filho de Caroline do Principado de Monaco, Pierre Casiraghi, e tripulação, a bordo do veleiro a emissão de poluentes zero, onde não há banheiro, nem cozinha e a eletricidade provém de energia solar, o ‘Malizia II’, zarpou em direção aos EUA.
O discurso de Greta nas Nações Unidas sobre a preservação do planeta para a sobrevivência das futuras gerações impactou os pró e os contra a crise ambiental.
O último dia 20/09 marcou a 57ª sexta-feira que Greta falta às aulas e a 3ª Greve Global que se propagou através da comunicação virtual que estabeleceu com os internautas e ambientalistas, comprovando o ainda inimaginável alcance das redes sociais.
Porém, como era de se esperar, o discurso proferido pela jovem sueca despertou também a ira e o escárnio dos que pregam a inexistência de qualquer problema ligado à preservação da espécie humana relacionada à emissão e disseminação de poluentes no ambiente, incluindo aqueles que acreditam que a terra é plana e que têm interesses econômicos bem precisos, que serão prejudicados caso a defesa global do ambiente persista.
Por que o bulling digital, desumano e cruel, contra Gretha?
“Por causa do que ela representa. Em uma época em que a democracia está sob ataque, ela sugere o surgimento de um novo tipo de poder, a convergência da juventude, o protesto popular e a ciência irrefutável.”
“E para seus detratores mais barulhentos, ela também representa outra coisa: a visão de sua obsolescência iminente se aproximando deles.” A razão pela qual a provocam com insultos infantis é porque é tudo o que eles têm. Eles estão sem idéias. Eles não podem derrubar seus argumentos, porque ela tem a ciência – e David Attenborough – do seu lado.
Eles não podem vencer o debate com a força persuasiva de seus argumentos, porque essas manivelas de barganha comercializam cinismo cansado, não paixão juvenil. Eles podem discuti-la com tweets maliciosos e postagens quentes em blogs, mas não receberão uma reação porque, francamente, ela tem maiores preocupações em mente.”
A jornalista jennifer O’Connell do The Irish Times pergunta: “But who’s the real freak – the activist whose determination has single-handedly started a powerful global movement for change, or the middle-aged man taunting a child with Asperger syndrome from behind the safety of their computer screens?”
Em tradução livre: “Mas quem é a verdadeira aberração – a ativista cuja determinação, sozinha, iniciou um poderoso movimento global de mudança, ou o homem de meia idade que insulta uma criança com síndrome de Asperger por trás da segurança de suas telas de computador?
A população mundial é estimada em pouco menos de 8 bilhões de pessoas e quase a metade delas está conectada na internet.
No Brasil, segundo a pesquisa divulgada em agosto de 2019, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento – CETIC, são 126,9 milhões de pessoas que utilizam a internet.
Fonte:
Denise Argemi é advogada e Especialista em Direito Internacional Público, Privado e da Integração.