Jair Bolsonaro teria atuado pessoalmente para afastar o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro por temer que um inquérito contra milicianos pudesse ser usado contra Flávio Bolsonaro. A informação é do Valor Econômico desta segunda-feira (9).
De acordo com o jornal, a PF chegou aos milicianos ao descobrir que um grupo estaria achacando doleiros investigados por lavagem de dinheiro. O inquérito passou a ser investigado “sob discrição”, mas algum agente da PF alinhado a Bolsonaro teria “transmitido a informação” ao Planalto.
“Segundo o relato de fonte a par do caso, Bolsonaro passou a recear que a investigação, se tornada pública, fosse explorada pela oposição a seu governo para atacar Flávio Bolsonaro”, pontuou o Valor.
Em agosto, Bolsonaro passou a pedir informações sobre o superintendente da corporação no Rio, o delegado Ricardo Saadi. Como o perfil do agente é estritamente técnico – ele é especialista em combate a crimes financeiros e organizações criminosas – Bolsonaro passou a dizer publicamente que Saadi precisava ser trocado por produtividade. Em 30 de agosto, foi exonerado.
Flávio Bolsonaro manteve, durante mais de 10 anos, em seu gabinete de deputado do Rio, familiares do miliciano Adriano Nóbrega, suspeito de ser o líder do Escritório do Crime, uma organização criminosa que trabalha com assassinatos por encomenda.
A esposa e mãe de Adriano só foram exoneradas em dezembro do ano passado, no dia em que a imprensa revelou que Fabrício Queiroz, então braço-direito de Flávio Bolsonaro, estava sendo investigado por movimentações financeiras milionárias e incompatíveis com seu patrimônio e renda.
Há algumas semanas, Jair Bolsonaro também prometeu usar o indulto de Natal para tirar da cadeia policias militares e civis presos, segundo ele, por “pressão da mídia”. Analistas indicaram que a intenção de Bolsonaro é favorecer as milícias. (Do GGN)