O reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Henri Campos, afirmou jornal Brasil de Fato que é inadmissível conviver com a proposta do programa Future-se, do governo Bolsonaro. “Ema proposta dessa em um momento em que as universidades são duramente penalizadas com cortes sucessivos em seus orçamentos, porque além dos 30% já houve cortes adicionais de custeio.
A minha universidade, por exemplo, há duas semanas, foi penalizada com um corte adicional de R$1,3 milhão em custeio”, afirmou Campos em entrevista para Lu Sodré, do Brasil de Fato.
Para o reitor, que também é o professor associado da Université Paris-Descartes, o projeto Future-se significa claramente o fim da democratização das universidades. “Hoje, na nossa universidade [UFC], 60% dos alunos são oriundos de escola pública. É um mecanismo de ascensão social dos mais relevantes”, disse Henry. Com o programa, as universidades públicas deverão se tornar mais elitizadas.
“Uma parte, diria mais que 50% dos alunos, tem renda familiar a um salário mínimo e meio. São os primeiros de várias gerações a ter acesso à universidade. A sociedade precisa estar atenta para isso. Estamos correndo um sério risco. Temos uma universidade diversa, plural, com grupos étnicos merecidamente contemplados por meio de cotas. Podemos perder tudo isso, nossa autonomia, nossa governança, que só faz melhorar… Nós somos controlados diariamente pelos órgãos de controle”, afirmou.
Ele também afirmou que os pesquisadores e professores estão insatisfeitos: “como podemos debater qualquer coisa nesse sentido, ou dar algum crédito para uma proposta vinda de um governo que age dessa maneira? E que não tem mostrado, nenhuma intenção, em fazer um grande investimento na educação, seja na superior ou na educação básica. Há muita apreensão, muita insegurança e muita insatisfação com relação a isso”, afirmou.
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