Em artigo publicado no Cadernos de Saúde Pública, a pesquisadora Monica Caicedo-Roa, em parceria com Ricardo Carlos Cordeiro, Ana Cláudia Alves Martins e Pedro Henrique de Faria, revela que 84% das mulheres assassinadas em Campinas são mães com pelo menos um filho. Os dados foram computados e pesquisados no ano de 2015.
De acordo com a pesquisa, os assassinatos ocorreram no domicílio da vítima, com arma branca ou de fogo, com expressiva violência e motivados, principalmente, pelo desejo de separação da vítima, ciúmes e desentendimento com o agressor. A pesquisa revela ainda que a média de feminicídio (ou femicídio) em Campinas é maior que a média estadual. Mas fica um pouco abaixo da média nacional. A situação se torna ainda mais grave porque grupos religiosos reacionários interditaram o debate sobre a questão de gênero na sociedade. A pesquisa mostra que o femicídio gera órfãos do machismo.
Veja o resumo do artigo:
O femicídio é a morte intencional de uma mulher pelo fato de ser mulher. O termo permite diferenciar os crimes por violência de gênero dos homicídios de mulheres em outras circunstâncias. O objetivo deste trabalho é caracterizar os femicídios, também chamados feminicídios, que ocorreram em 2015 em Campinas, São Paulo, Brasil.
Foram tomadas como fonte de informação as declarações de óbitos de residentes da cidade cuja causa básica do óbito foi classificada como causa externa. Entrevistas semiestruturadas foram realizadas aplicando-se o método de autópsia verbal, e, classificados os casos de femicídio como: íntimo, não íntimo e por conexão. No ano de 2015, foram recebidas 582 declarações de óbitos por causas externas, 185 corresponderam a homicídios, sendo 26 (14,1%) femininos.
Dentre esses, 19 foram classificados como femicídio. A média de idade das vítimas foi de 31,5 anos (desvio padrão 7,18 anos). A maioria correspondeu a mulheres brancas (47,4%), com Ensino Fundamental (52,6%), solteiras (63,2%), com filhos (84,2%). As mortes, em geral, ocorreram por mecanismos altamente violentos, na forma de agressão física e sexual.
Os assassinatos foram perpetrados no domicílio da vítima, com arma branca ou de fogo, com expressiva violência, motivados, principalmente, pelo desejo de separação da vítima, ciúmes e desentendimento com o agressor.
Em Campinas, o coeficiente de mortalidade por femicídio foi de 3,2 por 100 mil mulheres em 2015, o que correspondeu à morte de uma em cada 31.250 mulheres no ano.
Os resultados da pesquisa permitem ver que o femicídio na cidade é a principal categoria entre os homicídios femininos. As consequências desse tipo de violência são consideráveis em termos de violação de direitos humanos. Es-te estudo auxilia a compreensão das motivações e consequências da violência contra a mulher e contribui para uma melhor visibilidade sobre o tema.
Veja o artigo na íntegra
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