Em um esquema parecido com a Lava Jato, a Justiça equatoriana determinou, nessa quinta-feira (8), a prisão preventiva do ex-presidente Rafael Correa por suposto envolvimento em caso de suborno, que teria sido orquestrado com membros do seu governo para concessão de contratos com o Estado.
A juíza Daniella Camacho solicitou que a medida cautelar ratificasse o pedido feito na quarta-feira (7) pela procuradora-geral do Estado, Diana Salazar. Para se justificar (e ao mesmo tempo se denunciar), a juíza faz um discurso político no texto parecido com as ações de Sérgio Moro: diz que a prisão será “legal, constitucional e convencional” e, portanto, “não arbitrária”.
Salazar investiga esquema denominado Subornos 2012-2016 (ex-Arroz Verde), no qual mais três ex-integrantes do Executivo de Correa (2007-2017) estão supostamente envolvidos, aos quais também aplicou a mesma medida de coação.
‘Está em curso um plano regional sistemático que criminaliza ao progresismo na América Latina e realiza golpes de Estado macios com Estados Unidos à cabeça’, advertiu o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel em sua conta do Twitter.
Assim como no Brasil, o Ministério Público do Equador acredita que a investigação lança luz sobre uma dezena de elementos de condenação que apontam para a prática dos crimes de suborno, associação ilícita e tráfico de influência no suposto financiamento irregular do movimento político Alianza País, que o ex-chefe de Estado liderou até 2017.
Muito semelhante à Lava Jato, as informações da Justiça não dão conta de que há provas contra Correa, assim como não há provas contra Lula. É sempre uma possível ligação, uma proximidade etc que já permitem a prisão e a condenação, mesmo sem provas. Outra coincidência é que Correa também fez um governo muito popular e que distribuiu renda como o governo Lula.
No caso do ex-presidente, Camacho considerou que a prisão preventiva é apropriada, devido à impossibilidade de emitir outras medidas que garantam a sua presença nos tribunais, já que Correa reside na Bélgica desde que deixou o poder em maio de 2017.
A juíza lembrou que Correa tem contra ele um mandado de prisão por violação de medidas cautelares, no caso da tentativa de sequestro na Colômbia, em 2012, do político da oposição Fernando Balda.
Até hoje, Correa, que tem mais de uma dúzia de casos em aberto, não foi condenado por um tribunal no Equador e recusa-se a voltar ao país. Ele acredita que é vítima de perseguição política do seu sucessor, Lenin Moreno.
O presidente Lenin revogou o asilo de Julian Assange da embaixada em Londres e permitiu sua prisão.
Camacho aplicou a mesma medida de caução ao ex-vice-presidente Jorge Glas. Glas está preso há quase dois anos e cumpre pena de seis por associação ilegal em caso que envolve a empresa brasileira Odebrecht, embora tenha recorrido da sentença.
Outros envolvidos no caso “Subornos 2012-2016” são o ex-secretário da Água Walter Solís e o ex-secretário da Administração Vinicio Alvarado, além do ex-assessor Yamil Massuh. (Agência Brasil/Carta Campinas)