Novo vazamento de mensagens do Intercept mostram que o procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, usava estratégias de tortura psicológica contra investigados e que ele mentiu em entrevista a BBC Brasil ao negar que a Lava Jato usava vazamentos para pressionar investigados pela imprensa.
“Além de eticamente questionável, esse tipo de vazamento prova que o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, mentiu ao público ao negar categoricamente que agentes públicos passassem informações da operação, diz o Intercept.
Segundo o site, o que faz disso ainda mais relevante é que Dallagnol tem negado publicamente que os membros da Lava Jato tenham feito qualquer vazamento. Numa entrevista para a BBC Brasil, Dallagnol “disse que agentes públicos não vazam informações — a brecha estaria no acesso inevitável a dados secretos por réus e seus defensores”.
Por exemplo, nas estratégias dos procuradores para tentar pressionar o investigado Bernardo Freiburghaus a aceitar um acordo e fazer a delação, Dallagnol protagoniza um dos piores diálogos até o momento:
“Acho que temos que aditar para bloquear os bens dele na Suíça. Conta, Imóvel e outros ativos. Ir lá e dizer que ele perderá tudo. Colocar ele de joelhos e oferecer redenção. Não tem como ele não pegar”, disse Dallagnol, em 22 de junho de 2015, de acordo com os diálogos.
Mesmo com a pressão, Bernardo Freiburghaus não aceitou fazer delação.
Ao Intercept, a assessoria de imprensa da Lava Jato afirmou que a força-tarefa “jamais vazou informações sigilosas para a imprensa, ao contrário do que sugere o questionamento recebido” e argumenta que apenas se fosse ilegal ou violasse ordem judicial uma informação passada à imprensa poderia ser caracterizada como “vazamento” —e que, portanto, o caso do jornal O Estado de S. Paulo não seria um vazamento. A assessoria se refere a um vazamento de investigação passado ao jornalista do Estadão.
Veja reportagem sobre as mentiras de Dallagnol na BBC no The Intercept Brasil e sobre a pressão psicológica no UOL