Um dos mais importantes pesquisadores brasileiros na área do meio ambiente, Carlos Nobre, afirmou que as ações do governo federal contra o INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais) podem causar enorme prejuízo ao Brasil e fazer com que o INPE perca a liderança mundial no desenvolvimento de sistemas de monitoramento. O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, que esteve no centro dos ataque do presidente Jair Bolsonaro sobre os dados do INPE, foi exonerado do cargo nesta sexta-feira.
Para Carlos Nobre, não divulgar os dados do desmatamento do INPE não fará o problema desaparecer, porque hoje há muitos grupos em todo o mundo que fazem esse tipo de mapeamento. “Mas o INPE, que desenvolveu o melhor sistema de monitoramento de florestas tropicais do mundo ao longo dos últimos 30 anos, perderia sua liderança”, disse Nobre durante palestra na última Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
A informação sobre a fala de Nobre foi divulgada por Elton Alisson, da Revista Fapesp. Segundo o texto, o eventual proibição dos números de desmatamento obtidos pelos sistemas Deter e o Prodes, ou mesmo o fim desses dois sistemas causariam enormes prejuízos para o Brasil e fariam o INPE perder o protagonismo mundial no desenvolvimento de sistemas de monitoramento florestal.
Segundo Nobre, o INPE colocou o Brasil como o primeiro país do mundo a fazer esse tipo de monitoramento florestal por satélite. Não só isso, os sistemas desenvolvidos pelo INPE já formaram pesquisadores de 60 países.
Nobre também lembrou que o monitoramento desenvolvidos por outras instituições no mundo apresentam hoje uma margem de erro acima de 20%, a do INPE é 5 a 6%, quatro vezes mais precisa. O INPE registrou que o desmatamento na Amazônia aumentou até 125% nos primeiros 20 dias de julho deste ano em relação ao ano passado. A margem de certeza desse desmatamento é próximo de 100%. De acordo com o pesquisador, o desmatamento nos primeiros meses do governo Bolsonaro são incontestáveis e seu questionamento é infundado. (Com informações de Elton Alisson/Revista Fapesp)
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