Uma pesquisa desenvolvida pela empresa pública Embrapa em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) mostrou que o biossólido, resíduo poluente do tratamento de esgoto, é um ótimo substrato para se usar em áreas de reflorestamento.
O lodo de esgoto, ou biossólido como também é conhecido, foi testado como uma alternativa econômica, prática e ecológica para o reflorestamento de espécies nativas da Mata Atlântica. A eficácia do lodo foi comprovada nos viveiros da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Estado do Rio de Janeiro (Cedae), que já produz mais de um milhão de mudas utilizando o material como substrato. “Além de ser um recurso reciclável, o biossólido aumenta a possibilidade de sucesso do reflorestamento porque as plantas crescem mais rapidamente, têm maior taxa de sobrevivência e de crescimento”, afirma o pesquisador da Embrapa Guilherme Chaer.
A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) também produz cerca de 300 toneladas de lodo de esgoto por dia e é vinha usando na recuperação de cascalheiras no Distrito Federal.
Os resultados da pesquisa indicam viabilidade do uso do biossólido como insumo especialmente em áreas de solos degradados, carentes de matéria orgânica e nutrientes, nos quais a taxa de sobrevivência das espécies costuma ser baixa. De acordo com Chaer, o lodo de esgoto cria condições para que a planta se desenvolva, pois, além de ser rico em matéria orgânica, condiciona o solo, proporcionando maior retenção de água para as plantas.
Durante 18 meses, foram avaliadas sete espécies florestais e, apesar de apresentar uma taxa de crescimento variável, a maioria respondeu bem ao uso do insumo. No entanto, o que mais chamou atenção dos pesquisadores foi a resistência ao estresse hídrico. “Várias das espécies adubadas com adubo mineral não resistiram a um período de verânico após o plantio e morreram, enquanto as que receberam o biossólido sobreviveram e cresceram bem”, explica o pesquisador.
Antes de avaliar o potencial do biossólido como adubo para as espécies florestais, os cientistas analisaram os riscos de contaminação do solo e da água com metais pesados. “Para ser utilizado em procedimentos agrícolas e florestais, o biossólido precisa atender aos padrões estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que, entre outros critérios, estipula o nível tolerado de metais pesados que pode haver no material”, esclarece Chaer. As simulações realizadas mostraram a inexistência de riscos de contaminação tanto do solo como de águas subterrâneas ou superficiais. (Carta Campinas com informações de divulgação)
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