Após o anúncio da retirada de Cuba do programa Mais Médicos com a vitória de Bolsonaro, o governo federal anunciou que os médicos cubanos que desertassem receberiam asilo e poderiam trabalhar, mas após 6 meses cerca de 2,5 mil médicos cubanos que ficaram no Brasil estão parados e abandonados pelo governo, mesmo o Brasil tendo 2,8 milhões de pessoas sem assistência médica. Reportagem recente da BBC mostra que alguns estão tentando ir para os EUA diante das dificuldades no Brasil.
O jornal The New York Times também publicou reportagem sobre a situação do Brasil em que mostra que quase 3 mil municípios continuam desassistidos, principalmente as comunidades indígenas e ribeirinhas e as populações das regiões periféricas.
Campinas também excluiu cubanos que desertaram
Na segunda-feira, 24 de junho, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette, sancionou o projeto de lei que cria o Mais Médicos Campineiro, mas os médicos cubanos foram excluídos com veto a participação de estrangeiros. A cidade sofreu pressão de entidade de classe médica.
O programa de Campinas prevê a contratação de mais de 120 médicos, com bolsas de R$ 11 mil mensais custeadas pelo município. Os profissionais vão atuar nos 66 centros de saúde da cidade, no Programa de Saúde da Família. Atualmente, 79 médicos do programa federal atuam em Campinas.
O médico Pedro Tourinho, que é vereador pelo PT-SP e professor de medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUC) disse ao Repórter SUS que o objetivo do programa é substituir gradativamente os profissionais do programa federal, cujos contratos acabam entre 2020 e 2021.
Segundo Tourinho, a partir do diálogo com a Câmara de Vereadores e o Conselho Municipal de Saúde, a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Campinas enviou em formato de lei proposta de oferta de bolsas que vão complementar as bolsas de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade e oferta de curso lato sensu, em parceria com universidades.
“A ideia é transformar a região de Campinas numa rede de saúde escola, porque é uma rede vigorosa, com acumulado de conhecimento interessante e com essa complementação de salário, a gente tem convicção que irá atrair médicos do Brasil inteiro para vir aqui trabalhar e, sobretudo, construir massa crítica para trabalhar na Atenção Primária de forma qualificada”, acredita o parlamentar.
Estudo realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) mostra ainda que o Brasil poderá registrar, até 2030, 100 mil mortes consideradas evitáveis devido à paralisação do programa Mais Médicos e do congelamento dos gastos federais na saúde do país com a Emenda Constitucional 95, conhecida como PEC do Teto de Gastos. “Lamentavelmente nós estamos lidando com um governo, um presidente da República e ministro da Saúde que não têm nenhum compromisso com a vida”, critica o ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro. (Carta Campinas com informações da RBA e Brasil de Fato)