Análise de redação de um texto que é um terror: Terrorismo Digital de Pondé
.Por Frederico Firmo.
O titulo do artigo de Pondé é: Terrorismo Digital — Prática é agora um player na nossa realidade política. Fiquei algum tempo pensando como ligar o título com o subtítulo. Que achei intrigante, afinal como é que uma prática se torna um “player”. Mas o texto ficou mais chique assim.
Depois de muito pensar conclui que o autor defende que a prática do terrorismo digital, ( seja lá o que for ) é legítima na nossa realidade política. Infelizmente o filósofo Pondé não definiu o conceito de terrorismo digital o que é lamentável para um filósofo. Mas nesta pós modernidade ele deixa isto para os leitores.
As dificuldades com o texto começaram a seguir, pois Pondé começa a falar sobre a simpatia dos diálogos vazados pela condenação de Lula. Eu não sabia que diálogos tem simpatia por algo ou por alguém e também não ficou claro se nesta frase se remete aos vazamentos feitos por Juiz e procuradores ( o que afronta à lei) ou se refere aos vazamentos publicados pelo Intercept, que ora importunam tanto o juiz.
Ao começar a falar em ataque a Democracia, ele confessa que de fato considera que o vazamento feito por um juiz é um ataque ao Estado de Direito. Esta frase quase me comoveu e quase me fez acreditar na honestidade intelectual de Pondé, porém na continuação ele tem uma recaída e fala do PT. Até então estávamos discutindo um ato questionável num processo judicial, mas agora Pondé, vai questionar a posição do PT no que diz respeito a Venezuela. Fiquei perdido pois não encontrei a ligação de causalidade. Fiquei pensando se não era um “cut and paste” que desavisadamente foi parar no texto.
Caso não seja um erro digital, devo concluir que o filósofo Pondé perdeu as aulas de lógica. Porém nesta “nova pos modernidade” eu talvez esteja equivocado, pois ele talvez tenha aderido a idéia de que nem fatos nem lógica, são importantes. Provavelmente ele defende que o que importa é a narrativa. Para chegar ao nível de Pondé, eu devo dizer isto de forma mais chique – ele aderiu ao “linguistic turn”.
Da realidade dos vazamentos, num passe de mágica, o texto passa a questionar a moralidade do Intercept e não do suposto hacker. Num salto ainda mais surpreendente aparece Maduro e Venezuela. A seguir uma acusação sobre a narrativa de uma virgem violentada que o PT “supostamente” faria. ( espero que não seja um lapso devido ao caso Neymar). Aqui tenho que dizer que o “supostamente” é meu, pois Pondé afirma que “é a narrativa do PT”. Mas interpretando o texto concluo que Pondé, concorda que os vazamentos levam supostamente a uma suposta violação que pode ser supostamente questionada moralmente.
Ele passa dos vazamentos sobre Moro a uma defesa da democracia. O que me leva a crer que para Pondé, Moro, além de personalizar a justiça, também personaliza a democracia. Quem diria, Pondé também acredita em mitos.
Mas o incrível é que no parágrafo seguinte vai afirmar que desde de Atenas a democracia está na UTI, “nada mudou”. Avisem a ele que não havia UTI na época de Socrates, Platão e tantos outros.
E da Grécia chegamos à Palestina passando pela Nigéria. E os distantes mas sempre presentes Hamas e Boko Haran adentram o texto de Pondé. Neste momento eu voltei ao início, pois já não sabia mais sobre o que era o texto. Relembrando os tristes enterros no Oriente Médio, Pondé os usa para falar contra os intelectuais de esquerda e de direita. Esta frase me pareceu honesta, afinal ele confessa não ser um intelectual.
E o texto foi ganhando o ritmo de “thriller”, pois de repente era um problema da máfia. Parei para pensar num filme de ação, onde a Máfia se unia ao Boko Haran e ao Hamas, e com supervisão da antiga KGb formaram um grupo no Telegram. Achei meio desproporcional, pois neste caso devo concordar com ex presidente FHC : ” é apenas uma tempestade em copo d’água” .
Mas abandonando as mais pós- modernas formas de investigação, Pondé se vestiu com o figurino do esquecido Poirot, e se pergunta, a quem interessa tudo isto. E discorre longamente sobre os possíveis culpados. Como era de se esperar, na falta de um mordomo, acusa a esquerda como um todo, e políticos corruptos e aproveita então para se vingar dos seus colegas professores ( a quem chama de irrelevantes), e dos intelectuais e artistas a quem chama de orgânicos. Espero que não se refira aos defensores da saúde e da boa alimentação.
E depois de tudo isto ele vê a possível “queda da República de Curitiba”. Não consegui entender bem a lógica e a coerência do texto. Antigamente, ele seria reprovado na redação do ENEM, mas com as comissões de correção escolhidas pelo atual ministro acho que talvez ganhasse nota 10. (Do GGN)
…se vestiu com o figurino do esquecido Poirot, mas incorporando o espírito do inesquecível Inspetor Clouseau.
“idéia” é um pouco incoerente a quem está tentando refutar, em análise sintática, o texto de outrem.
Pondé é aquele tipo de filósofo que, baratinado em seus espasmos, passou décadas inventando respostas para o que há séculos o homem já havia descoberto.