Os 7 motivos para não investir
.Por Victor Barboza.
Sim, o título não está errado! Porém, não são motivos levantados por nós, mas sim, respostas que as pessoas deram em uma pesquisa da gestora de recursos BlackRock, feita com 1.050 brasileiros. Abaixo, iremos mostrar quais são esses motivos, e, na sequência, contrapor com argumentos que mostram a necessidade, cada vez mais forte, de ter investimentos, para emergências e para os objetivos de curto, médio e longo prazo.
Motivo 1: “Eu não Tenho dinheiro suficiente para investir”
Este motivo foi escolhido por 61% dos participantes, imaginando que para começar a investir, é preciso ter valores consideráveis. Tradicionalmente, com qualquer valor já era possível começar a investir por meio da Caderneta de Poupança. Porém, com a baixa rentabilidade desta, nos dias atuais, e, com o surgimento das Fintechs, foram surgindo outras alternativas para investir a partir de baixos valores. Por exemplo, no Tesouro Direto, é possível começar a investir a partir de R$ 30. Nos Fundos Imobiliários, existem fundos com cotas na casa dos centavos. No ramo das fintechs, existem robôs investidores que montam uma carteira de investimentos a partir de qualquer valor, e por aí vai.
Mesmo para quem está endividado ou vive sempre no “zero a zero”, é preciso fazer o exercício de substituir alguns gastos por investimentos, mesmo que sejam na casa de poucos reais, mas, que a partir do momento que estiverem aplicados, estarão poupados e ainda tendo o potencial de crescer, por conta dos juros compostos ou valorização do ativo.
Motivo 2: “Não tenho conhecimento para investir”
37% dos entrevistados atribuíram não investirem por não conhecerem o “mundo dos investimentos”. Realmente, quando o assunto é Educação Financeira, o Brasil ainda engatinha, porém, já existem inúmeras maneiras de se capacitar sobre o assunto, desde alternativas gratuitas até opções pagas. Existem diversos canais no YouTube, blogs, podcasts e ebook no mundo digital como alternativas gratuitas. Livros, cursos (presenciais e online) e consultorias são opções pagas.
Além disso, vale destacar as iniciativas da Estratégia Nacional de Educação Financeira, a ENEF, que realiza anualmente a Semana Nacional de Educação Financeira (Semana ENEF), que espalha diversas iniciativas, totalmente gratuitas, por todo o país.
Motivo 3: “Tenho medo de perder tudo”
Este motivo foi apontado por 19% das pessoas. Este é justamente um contra argumento para não diversificar o dinheiro através de investimentos. Tanto com o dinheiro, quanto em qualquer esfera da vida, estamos sujeitos a riscos o tempo todo. Um acidente de carro, uma doença ou um assalto são fatos que não conseguimos nos blindar 100%.
No caso do dinheiro, optar por não investir e deixar 100% dele em casa, traz o risco de um assaltante levar tudo, um incêndio queimar todo o dinheiro, e por ai vai. Andar com todo o dinheiro no bolso também tem riscos similares. Optar por deixar todo o dinheiro no banco, mesmo que seja um banco 100% tradicional, também pode trazer problemas. Além disso tudo, ainda aparece o fator inflação. Deixando o dinheiro parado, seja em casa, seja numa conta corrente, a cada ano que passa este passará a ter um valor menor, diminuindo o poder de compra do indivíduo, por conta do aumento generalizado dos preços, fenômeno chamado inflação.
Quando busca-se investir, deve-se ter como meta pelo menos ter uma correção do dinheiro pela inflação. E a diversificação, em diferentes investimentos e instituições financeiras, acaba sendo uma boa estratégia para administrar o risco.
Motivo 4: “Tenho medo de não ter controle”
11% dos entrevistados deixam de investir pelo medo de não conseguir se controlar. O dinheiro no dia a dia, seja na nossa carteira ou na nossa conta bancária, nunca se controla sozinho. É preciso a atitude de cada um em estabelecer orçamento e controle para que a saúde financeira esteja em dia. Investir já é visto como algo mais interessante pelo fato de, mesmo sem um controle, ser um dinheiro que está separado.
Para aqueles que sentem-se acanhados em investir por conta de achar que não dará conta da administração do risco, acompanhamento da rentabilidade e qualquer outro motivo, existem algumas opções que não darão nenhuma dor de cabeça e exigirão esforços mínimos. A primeira delas é buscar os ativos de renda fixa. Estes, que são representados por investimentos como a Poupança, CDB, LCI, LCA, Tesouro Direto, entre outros, basicamente funcionam como um empréstimo que o investidor faz. Ele abre mão de um valor inicial, este terá uma taxa de juros e um vencimento. Chegada esta data final, o investidor receberá exatamente o valor aplicado mais esses juros, que funcionam como um aluguel pelo dinheiro emprestado.
Outras duas opções que acabam não gerando tanto trabalho são os fundos de investimentos e os robôs investidores advisors. Ambos têm uma gestora, que é responsável por formar a carteira e investir o dinheiro de quem está aplicando. Justamente por conta deste serviço, acabam aparecendo algumas taxas, como a taxa de administração, para remunerar estes profissionais.
Além disso, independente dos tipos de investimentos escolhidos, existem também modelos de planilhas e aplicativos que auxiliam no controle dos investimentos para quem tiver interesse. Também existe a opção de contratar profissionais para ajudar neste controle e acompanhamento.
Motivo 5: “Não confio no sistema financeiro”
10% dos entrevistados deixam de investir por conta da desconfiança no sistema financeiro. Tudo bem, seja aqui no Brasil, ou até em outros países, o sistema financeiro já comeu algumas bolas e causou alguns impactos negativos. Porém, o motivo dos sistemas financeiro nacional e internacional existirem é justamente para organizar e possibilitar a economia funcionar. Existem instituições, regras e controles que são feitos justamente para equilibrar a economia.
Como alternativa para não ter um risco totalmente centralizado, que sofra impacto por conta de algum deslize do sistema financeiro, é de fundamental importância trabalhar com a diversificação. Dentro do sistema financeiro, é possível diversificar onde e para onde vai o dinheiro aplicado: bancos, fintechs, imóveis, empresas (desde grandes até as pequenas), títulos públicos, câmbio, e por aí vai. Para quebrar essa barreira, é importante ir conhecendo aos poucos opções de investimentos, buscar conhecimento, opiniões de especialistas, e, ter essa diversificação.
Motivo 6: “Investir não é para alguém como eu”
Dentre os entrevistados, 9% usaram esta frase como justificativa para não investir. Porém, conforme todos os itens mostrados anteriormente, existem diversas opções de investimentos, que variam em relação ao risco, ao prazo, ao valor mínimo, e até para quem está indo o investimento.
Da mesma forma como não exista um único investimento que seja o melhor para todo mundo, por conta das diferenças de perfis, também não exista alguém que não tenha nenhum investimento que lhe sirva.
Conforme já foi dito, temos o fator inflação que faz com que nosso dinheiro parado perca valor ao longo tempo. A aposentadoria chega para todo mundo em determinado momento da vida, e, nesta etapa, já não temos capacidade de produzir e render tanto quanto antes, e, justamente por isso, as fontes de renda relacionadas ao trabalho vão diminuindo. Em paralelo, as pessoas estão vivendo mais, e, é de enorme importância guardar recursos para esta etapa da vida. E por meio dos investimentos, esse esforço poupador se torna menor, por conta dos juros e da valorização das aplicações.
Motivo 7: “Investir não é necessário para a minha saúde financeira futura”
1% das pessoas apontaram quem não precisam investir. Mesmo que a pessoa já tenha um patrimônio considerável, uma herança, ou tenha ganhado na loteria, investir é uma forma de deixar este patrimônio protegido, e, mais do que isso, vê-lo tendo seu poder de compra corrido. Caso contrário, a cada ano, mesmo que não seja mexida, a fortuna vai se desvalorizando.
O dinheiro, quando não separado, como por exemplo sendo deixado na conta corrente ou em casa, tende a ser usado mais facilmente. Por isso, vemos muitos casos de pessoas, como ganhadores de reality show, loteria ou ex-jogadores de futebol que tinham altas fortunas, mas, que viram estas acabarem ao longo do tempo. Tendo poupado e investido parte deste valor, com certeza, teria feito com que eles vivessem numa situação mais tranquila hoje.
Como pôde ser visto, estes foram os 7 motivos apontados na pesquisa. Como moral da história, o primeiro caminho e buscar capacitação na área de educação financeira e buscar quais são os melhores investimentos para cada perfil. Cuidando bem do dinheiro hoje, ele poderá cuidar de cada um lá na frente.