O presidente Jair Bolsonaro (PSL) demitiu na manhã de hoje (8) o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez . Na sexta-feira (5), Bolsonaro adiantou em seu Twitter que o então titular do MEC é “uma pessoa bacana, honesta, mas está faltando gestão, que é uma coisa importantíssima”.
A demissão ocorreu após três meses de muita confusão dentro do Ministério da Educação. Mas o novo nome de Bolsonaro tende a ser pior do que Vélez.
Por meio de seu Twitter, Bolsonaro informou que o sucessor é Abraham Weintraub. “Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao Prof. Vélez pelos serviços prestados”, escreveu. Mas já se descobriu que o novo ministro não tem o título de doutor.
Economista formado pela USP, Weintraub tem 47 anos e trabalhou 18 deles no Banco Votorantim. É discipulo do ativista tresloucado Olavo de Carvalho, que não tem nenhuma formação acadêmica e baixa formação escolar. Weintraub também atuou na equipe de Bolsonaro desde a campanha, passando pelo período de transição. Até ir para o MEC, estava na Casa Civil chefiada por Onyx Lorenzoni.
O jornalista Gilberto Dimenstein relata que durante a Cúpula Conservadora das Américas (a qual nem os próprios conservadores ouviram falar), em dezembro, Weintraub disse que era preciso adaptar as teorias de Olavo para “derrotar a esquerda”.
Weintraub também disse que “é preciso vencer o marxismo cultural nas universidades e trabalhar para que o país pare de fazer bobagem”.
“O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub , indicado nesta segunda-feira para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro , reconduzirá à pasta ex-alunos do ideólogo de direita Olavo de Carvalho , demitidos pelo então ministro Ricardo Vélez. De acordo com uma fonte do Palácio do Planalto , o ministro também deverá exonerar militares colocado na área por seu antecessor”, informou.
Vélez, o colombiano
O ministro demitido provocou três meses de confusão. Vélez é aquele que causou indignação no começo de fevereiro, quando disse à revista Veja que “o brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo”. Notificado pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF) para se explicar, ele escreveu no Twitter que “ama o Brasil e nosso povo”.
Desde sua posse, o ministro – um professor de Filosofia desconhecido no âmbito acadêmico – vinha sendo criticado por educadores e especialistas e também dentro do governo, em meio à disputa entre alas rivais. A situação ficou ainda mais tumultuada em março, quando vieram à tona brigas entre o grupo comandado por militares, os indicados por Olavo de Carvalho – os olavistas – e os de perfil técnico.
A gestão do professor colombiano, que deixa a desejar segundo o próprio Bolsonaro, que o aceitou em sua equipe, foi marcada por muita confusão e recuos em medidas polêmicas. Episódio marcante foi a revelação, por grupos rivais, de um e-mail do ministro pedindo aos gestores de escolas que enviassem ao MEC vídeos mostrando as crianças cantando o Hino Nacional e lendo o slogan da campanha eleitoral de Bolsonaro. O Ministério Público Federal pediu explicações sobre a medida considerada como improbidade administrativa por diversos juristas. Vélez acabou recuando.
Entre as confusões, Vélez anunciou dois novos secretários executivos que não foram aceitos pelo governo. Uma delas, a educadora evangélica Iolene Lima, demitida antes de ter assumido. Em seguida, a secretária da Educação Básica, Tânia Leme de Almeida, pediu para deixar o MEC após descobrir, por meio de reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que o nível de alfabetização das crianças não seria mais avaliado.
Vélez acabou revelando que também não sabia da mudança, pedida pelo seu secretário de Alfabetização ao presidente do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), Marcus Vinícios Rodrigues. Os dois se desentenderam, Rodrigues foi demitido e chamou o ministro de incompetente. Vélez voltou atrás, mantendo a avaliação.
Enquanto isso, o Inep criou uma comissão para vigiar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e identificar “questões com teor ofensivo a tradições”. A proposta foi considerada censura e ameaça à segurança da prova que é o maior teste para ingresso em universidades no país, do qual participaram mais de 6 milhões de estudantes em 2018.
A gestão do colombiano foi marcada ainda por 20 exonerações, além de Marcus Vinícios Rodrigues: um aliado de Vélez, o então secretário-executivo Luiz Antonio Tozi e o militar Ricardo Roquetti. (Carta Campinas com infomações da Rede Brasil Atual)