.Por Giba Soares.
Após elevação de 4,8% no valor do diesel, líderes caminhoneiros decidem chamar uma paralisação para o próximo dia 29. Por ser uma categoria com organização bastante difusa é difícil saber como será uma adesão à greve, mas a insatisfação com o novo governo é crescente, afinal a alta do diesel já acumula 24,2% desde o início do governo Bolsonaro. E sobrou para o Ministro-Chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni do DEM, apesar de ele ser apenas anteparo a outro ministro, o da economia, Paulo Guedes.
No mês passado, Onyx havia recebido uma pauta com solicitações como: ações efetivas para fiscalização do piso mínimo de fretes, política para abaixar o preço do diesel, cumprimento das leis do motorista e do descanso, melhorias nas rodovias entre outras. O ministro voltou dias atrás com proposta de linha de crédito de 30 mil reais para troca de pneu e manutenção dos veículos e culpando a chuva pelas condições das rodovias federais. Não a toa está sendo “homenageado”
Em dezembro, ele disse que o tabelamento do frete era assunto de Guedes, mas quem tratou desse assunto na quarta-feira, foram os ministros da infraestrutura e da agricultura, sugerindo que o reajuste do frete seria indexado ao diesel. O problema é que Guedes tem uma ideologia fortemente contrária a qualquer tabelamento ou indexação. Vamos acompanhar para ver se ele fará os ministros se desdizerem assim como fez com o próprio presidente.
Bolsonaro tentou vetar o último aumento do diesel, mas o economista o fez voltar atrás, pois isso atrapalha o plano dele de vender as nossas refinarias.
Preços tabelados ou influenciados por governos (de Getúlio a Dilma, passando pelos militares) foi a tônica desde o surgimento da Petrobrás, e levou a empresa criada em 1953 à ser a 4ª maior empresa de energia do mundo em 2010 (https://top250.platts.com/Top250Rankings/2010/Region/Industry)!
Dilma errou quando segurou por muito tempo o preço do diesel num momento em que a economia ia tão bem que mesmo a Petrobrás operando a carga plena ainda tinha que importar o combustível e vendê-lo subsidiado pra dar conta do boom de consumo pelo qual o Brasil vinha passando.
Hoje a Petrobrás teria capacidade de suprir toda demanda nacional, mas não o faz, prefere vender menos e mais caro. Paulo Guedes é favorável à política de Temer para combustíveis: Tigrão com nós consumidores, incluindo caminhoneiros e Gatinho com as petrolíferas estrangeiras e importadores.
Ele atribuiu as paralisações do ano passado a uma linha de crédito de anos atrás para compra de novos caminhões, como se as pessoas decidissem se tornar caminhoneiros apenas porque tinha juros baixos pra comprar seu caminhão! Melhor o Onyx cancelar a linha de crédito pra pneu, ou será o culpado da greve dos borracheiros. E aos caminhoneiros sugiro outro nome pra paralisação: que tal Tchutchuca…
Giba Soares é ex-petroleiro e radialista.