No dia 27, sábado, a partir das 10h, a Casa de Cultura Fazenda Roseira promoverá um Roteiro Afro que apresentará à comunidade a história do espaço. No dia, também receberá o coletivo do Ponto de Cultura Sarau na Quebrada. Situada na antiga Fazenda Roseira, a casa cultural, uma construção do sec. XIX, que esteve abandonada, foi ocupada em 2007 por vários grupos de movimentos sociais, além da Associação Dito Ribeiro que desde 2008 dirige a casa fomentando a preservação e a memória de sua história através de debates, oficinas, pesquisas, tendo sempre a cultura afro-brasileira como norte para suas ações.
Entre os convidados do Ponto de Cultura Sarau na Quebrada estão Gláucia Adriani, Nego Dabes, Márcia Rimação, Lídia Reis, Denise Renaldin, Ricardo Palmieri, Lanna Rodrigues, Ana Mesquita.
Além do roteiro, a comunidade Dito Ribeiro fará uma vivência de jongo aberta a todos, finalizando com uma roda de conversa.
A Associação Dito Ribeiro é cunhada assim por ter como mestre Benedito Ribeiro, que trouxe a Campinas, de Minas Gerais, na década de 30, essa manifestação cultural.
O jongo é uma manifestação da cultura popular brasileira que foi considerado patrimônio imaterial pelo IPHAN em 2005. Se define por ter pontos, danças e tambores. Trazidas por escravizados a dança assume um papel de resistência, na qual as expressões, os cantos, toques continham aspectos da repressão vivida por eles. Hoje, já num contexto urbano, são incorporados a ele outros elementos, porém, continua exercendo o papel de ser uma manifestação de resistência por existir e continuar compartilhando seus saberes ancestrais.
A Comunidade Dito Ribeiro tem a missão de manter sempre viva a tradição e história do jongo. É a partir dessa consciência que em 2002 retomam esse papel com muito mais afinco. A família Dito Ribeiro junta-se à comunidade, à outras associações, grupos com vieses também da cultura afro-brasileira e se fortalece. Em 2008 ocupam a antiga Fazenda da Roseira, onde hoje funciona um equipamento cultural, ressignificando esse local, pois o jongo, assim como outras manifestações do negro escravizado, acontecia apenas nas senzalas.
O Sarau na Quebrada surgiu em 2011, em Santo André, num território urbano. É na periferia do Jardim Santo André que começa a surgir poesias nos bares, nas esquinas. O sarau tem um papel importante na comunidade, longe de romantizar a periferia e seus problemas, serve como denúncia das mazelas de um estado que governa para poucos e deixa a favela, como o próprio termo sugere: na periferia. Ao mesmo tempo, enxergando-a não como um lugar de carência, mas de potências.
Subvertendo a lógica elitizada que em ações simbólicas invisibiliza a periferia, começa, de forma coletiva, a lutar por políticas públicas culturais que contemplem suas ações também com fomento público que chegue até às bordas da cidade e legitimem a favela como um lugar que faz parte, mas que tem suas próprias histórias e seus autores para contá-las.
Contemplado no Proac de 2018, o projeto Sarau na Quebrada – Rota da Palavra tem como objetivo a troca de saberes por meio desse intercâmbio de outros pontos de cultura, fortalecendo o vínculo afetivo e de identificação e também auxiliar o artista da periferia através de parcerias que possam possibilitar um suporte para que ele continue existindo e faça-se ativo em suas diversas linguagens. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Vivência gratuita
Almoço (opcional): R$: 20,00 Obs.: necessário confirmar até 26/04 inscrição online
Local: Associação do Jongo Dito Ribeiro
Endereço: Rua Odilon Monteiro Pompeu, Nº 37, Jardim Roseira – Campinas –SP
Data: 27/04/2019 – horário: 10 às 16h
Atividade: Gratuita