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Sinfônica interpreta obras de Camile Saint-Saëns, Jules Massenet e Édouard Lalo

A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC) se apresenta nos próximos dias 23 de março, às 20h, e no dia 24 de março, às 11h, no Teatro Municipal “José de Castro Mendes”.

(Foto: Manoel de Brito)

Sob regência do maestro Victor Hugo Toro e com a participação do solista Winston Ramalho, Spalla (primeiro-violino), a OSMC apresentará músicas de compositores franceses.  

Na primeira parte do concerto, obras com influência espanhola, com o compositor Jules Massenet e a obra Le Cid – Música de balé, e Édouard Lalo com a obra Sinfonia Espanhola para Violino e Orquestra, op.21. Já na segunda parte, será apresentada a obra monumental de Camile Saint-Saëns, a Sinfonia nº 3, op.78 em Dó menor (Sinfonia com órgão).   

Neste ano, a Orquestra Sinfônica Municipal comemora os 90 anos de fundação. Como parte da celebração, nos dias dos concertos haverá o lançamento do livro “Todas as Notas”, com comentários para os programas da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas entre 2003-2016, de Lenita W. M. Nogueira, que estará presente autografando os livros.  

Compositores e obras

JULES MASSENET (Montaud, 1842- Paris, 1912) Le Cid – Música de balé A influência da imperatriz Eugenia de Montijo (Granada, 1826-Madri, 1920) na corte de Napoleão III estimulou o interesse que já havia na França pela cultura espanhola. Na música destacam-se obras como Sinfonia Espanhola de Eduard Lalo, Espanha de Emmanuel Chabrier, a ópera Carmen de Georges Bizet e, alguns anos depois, Ibéria de Claude Debussy e A Hora Espanhola de Maurice Ravel. Massenet não fugiu a esta corrente e, além de El Cid, escreveu outras óperas com tema ou ambiência espanhóis. O romance no qual foi baseada a ópera, Le Cid ou l’honneur castillan, foi escrito por Pierre Corneille (1606-1684). O libreto, de Édouard Blau e Louis Gallet, foi entregue em 1873 para Georges Bizet (1838-1875). Este trabalhou em El Cid concomitante com Carmen, mas acabou abandonando a composição. Em 1884 o libreto, aprimorado por Adolphe-Philippe D’Ennery, foi entregue a Massenet, que concluiu a ópera em 1885, ano da estreia no Theatre de L’Opéra em Paris com estrondoso sucesso. Na ópera francesa, a presença de balé é indispensável e Massenet também não fugiu à regra. Para emoldurar a tragédia de Rodrigo Díaz de Vivar (ca. 1043-1099) e sua amada Chimène, o balé, inserido no segundo quadro, ocorre na praça de Burgos e tem sete números: Castillane, Andalouse, Aragonaise, Aubade, Catalane, Madrilene e Navarraise.  

ÉDOUARD LALO (Lille, 1823 -Paris, 1892) Sinfonia Espanhola para Violino e Orquestra, op.21 Aos 16 anos, Lalo foi para Paris estudar violino e composição e ali entrou no círculo do pintor Eugène Delacroix, tocou em orquestras, inclusive sob a regência de Hector Berlioz, deu aulas de violino e integrou o Quarteto Armingaud que, por vezes, recebia pianistas, como Clara Schumann e Camille Saint-Saëns. Compôs duas sinfonias, mas não teve sucesso como compositor até que conheceu o violinista Pablo de Sarasate (Pamplona, 1844-Biarritz, 1908), que o inspirou a compor uma série de peças para ele e outros intérpretes. Em 1847, Sarasate tocou na estreia do hoje quase esquecido Concerto para Violino de Lalo que, no mesmo ano, iniciou a composição da Sinfonia espanhola, ambos dedicados ao violinista espanhol. Embora chamada Sinfonia, que seria uma obra exclusivamente orquestral, trata-se, na verdade, de um concerto, já que tem um violino solista. Mas também não segue estritamente a forma de um concerto, que, em geral, tem três movimentos, aqui são cinco. A obra estreou em Paris em 1875, tendo como solista Sarasate que, segundo Alberto Bachmann, autor da Enciclopédia do Violino, combinava “graça, brilho e vitalidade selvagem em um grau extraordinário”. O primeiro movimento (Allegro non tropo) se inicia marcial, mas logo acontece a entrada do violino. A orquestra dialoga com o solista, alternando momentos marciais e líricos. O segundo movimento (Scherzando. Allegro molto) é baseado em uma seguidilha (como a aria da ópera Carmen, que estrearia em um mês sem grande repercussão). O terceiro movimento (Intermezzo. Allegro non tropo), por vezes omitido, é bastante virtuosístico com destacada ambiência espanhola. O quarto movimento (Andante) tem uma melodia em estilo folclórico e o quinto (Rondo), começa tranquilo com um ostinato, mas vai se animando e exigindo uma atuação intensa do solista que, entre idas e vindas do tema principal, vai se desdobrando em alguns momentos de grande virtuosidade. Sinfonia Espanhola, a única obra de Lalo que permanece no repertório, influenciou a composição do Concerto para Violino de Tchaikovsky. Este afirmou que a peça de Lalo “tem muita frescura, agilidade de ritmos picantes, de melodias lindas e excelentemente harmonizadas… Ele [Lalo], da mesma forma que Léo Delibes e Bizet, não aspira à profundidade, mas evita cuidadosamente a rotina, procura novas formas e pensa mais em beleza musical do que em observar tradições estabelecidas, assim como os alemães”. 

CAMILE SAINT-SAËNS (Paris, 1835 – Argel, 1921) Sinfonia nº 3, op.78 em Dó menor (Sinfonia com órgão) Saint-Saëns foi reconhecido por sua pluralidade intelectual, e, conforme observou o crítico americano Philip Hale, foi “organista, pianista, caricaturista, cientista amador, apaixonado por matemática e astronomia, comediante amador, folhetinista, crítico, viajante, arqueólogo – um homem que nunca descansava”. Já Charles Gounod afirmou: “Monsieur Saint-Saëns possui a mais surpreendente organização musical que conheço. É um músico que possui todas as armas. É um mestre do seu ofício como nenhum outro”. A composição da Sinfonia nº 3 foi sofrida e Saint-Saëns desabafou: “Eu dei tudo a ela, tudo o que era possível. O que realizei aqui, nunca mais vou realizar novamente”. De alta sofisticação harmônica e rítmica, estreou no dia 19 de maio de 1886 na St. James’s Hall, em Londres, com o compositor à frente da orquestra da Royal Philharmonic Society, que havia encomendado a obra. Embora conhecida como “Sinfonia com órgão”, este instrumento não atua como solista, mas como um elemento da orquestra, mesmo papel reservado ao piano, também incluído na ampla grade orquestral. Outra peculiaridade da obra é que ela não segue os padrões do período romântico, que prescreviam sinfonias em quatro movimentos, esta apresenta apenas dois. Na verdade, ao que tudo indica, são mesmo quatro movimentos, mas agregados em dois. A composição é baseada em transformação temática, fórmula utilizada por Berlioz e Liszt, que busca criar uma unidade musical, apesar da utilização de vários temas. Muitos analistas associam o primeiro motivo com o Dies Irae, cantochão medieval associado à ideia da morte. Outros contestam, já que, na sequência aparece um trecho de caráter cromático, que estaria em contradição com este raciocínio. Após este início lento, Adagio, acontece a entrada das cordas que, com certo nervosismo, introduzem um segundo momento, Allegro moderato. O trecho é intenso e vai num crescendo até a retomada do tema das cordas, agora apresentado também pelas madeiras. O movimento alterna alguns momentos mais serenos, mas se mantém denso a maior parte do tempo. No final, quando a música se torna menos agitada, é introduzido, sem separação, um novo andamento, Poco adagio, um trecho contemplativo no qual o órgão atua em conjunto com a orquestra, gerando um timbre bastante especial. O segundo movimento se inicia Allegro moderato, com resquícios do tema inicial. Segue-se um trecho mais rápido, Presto, e na sequência um mais lento, Maestoso. A sinfonia se conclui com um Allegro, no qual se revela com intensidade a presença do órgão, que, ao lado do piano executado a quatro mãos e da atuação em massa da orquestra, dão um final majestoso para esta que é considerada uma das mais importantes obras sinfônicas do último quartel do século XIX.  (Carta Campinas com informações de divulgação)

Ingressos à venda no Teatro Municipal “José de Castro Mendes” (Praça Corrêa de Lemos, s/nº, Vila Industrial, Campinas), a partir da quarta-feira, dia 20/03. A bilheteria funciona de terça-feira a domingo, das 16 às 21 horas. Telefone (19) 3272-9359. 

Valor dos ingressos

Sábado (23/03) R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (estudantes, aposentados e maiores de 60 anos)R$ 10,00 (professores das redes municipal e estadual de ensino e pessoas com deficiência e mobilidade reduzida)R$ 5,00 (estudantes da rede municipal e estadual de ensino) 

Domingo (24/03)R$ 10,00 (inteira)R$ 5,00 (estudantes, aposentados e maiores de 60 anos)R$ 4,00 (professores das redes municipal e estadual de ensino e pessoas com deficiência e mobilidade reduzida) R$ 2,00 (estudantes da rede municipal e estadual de ensino)

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