Em São Paulo – De 7 a 31 de março, será apresentado nas Bibliotecas Municipais da Secretaria Municipal de Cultura, como parte do programa “Biblioteca Viva”, o espetáculo “O Homem que Queria Ser Livro”.
O espetáculo foi criado por Darson Ribeiro diante de um misto de história pessoal da infância e o seu atual momento, sempre tendo o teatro como meio de vida e expressão. Darson Ribeiro convidou Flavio de Souza para desenvolvê-lo, diante do que o próprio autor chama de “ótima embocadura para o ator”. Flávio é autor premiado com Fica Comigo Essa Noite e Castelo Ra Tim Bum. “Flavio consegue tratar de assuntos atuais e atemporais com dramaticidade e bom humor”, explica Darson.
Foi diante dessa contemporaneidade de pensamentos, mesclada a ensinamentos milenares e, ao mesmo tempo, extratemporais, que surgiu o convite para que Rubens Rusche assumisse a direção. “Rubens é um tipo de diretor que já quase não há. Ele pensa primeiro na lógica da escrita e vai, aos poucos, criando e demarcando laços de vogais a sentenças, dando volume, peso e dramaticidade ao que se lê, com o foco sempre no corpo do ator. O que se fala deve ser sentido primeiramente no corpo, só assim a voz se torna crível para contagiar as pessoas e, consequentemente, a emoção”, diz Darson. “E para fechar essa produção com chave de ouro, convidei Ney Matogrosso para gravar a canção ‘Coração de Luto’, do Teixeirinha, que abre a peça”, finaliza.
O título O Homem que Queria Ser Livro é quase um trocadilho entre “li-vro” e “li-vre”. Segundo Darson Ribeiro, é o teatro em busca de algo que a maioria das pessoas, muitas vezes, esquece ou mesmo ignora: a retomada da criança interior, no sentido humanista da ação. Com esta montagem, Darson não teve como objetivo realizar uma “ode” ao livro, mas utilizar-se desse instrumento milenar para, por meio do teatro, reforçar o ato de “pensar em si”. Para ele, “a sugestão fica: tudo está em nós mesmos”.
Em 45 minutos, em um tom confessional, o ator apresenta de forma crua e sutil, em tons variantes entre drama, humor e poesia, um reverso desse mundo caótico, justamente pela falta de humanidade e, consequentemente, por falta da leitura, o homem consigo mesmo. E ele cita Jorge Luis Borges: “Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria. ”
Esse ‘homem-livro’ do espetáculo se pendurou aos livros e ficou suspenso no ar – também no sentido metafórico do não alcance terreno, como se as palavras tivessem o poder de suspender, elevar, prum céu sonhado. “As pessoas já não sonham mais, sequer imaginam”, reflete o artista.
Ao contrário de um ‘anjo caído’, o ‘homem-livro’ desobedeceu aos homens, não ao Divino, e flutuou nas letras usando as capas dos livros como alicerce. E, diante de tamanho embrenhamento nas histórias, vê-se como Dom Quixote. Mas, afinal, os livros são aquilo que também o faz sair da fantasia e entender a realidade.
A ideia de Darson Ribeiro em convidar Ney Matogrosso foi pela neutralidade do que ele consegue fazer com a voz e, ao mesmo tempo, o tamanho de dramaticidade que ele impõe quando canta. “Coração de Luto” nunca teve uma versão a capella. A primeira aparição de Darson no palco interpretando uma adaptação desta canção, feita pela sua mãe, foi aos cinco anos.
“O H. Q. Q. S. L. conta a trajetória de um homem que demorou para descobrir qual era sua missão na vida: fazer parte do grupo que mantém acesa a chama da sabedoria no mundo, neste momento histórico em que a falta de valores da maior parte da humanidade leva cada vez mais à desvalorização de virtudes e humanismo. A partir do título-ponto de partida criado pelo Darson, um ator-realizador, fiz um roteiro-enredo começando pelo amor de ambos pelos livros; e aí escrevi, usando quase que só a parte da minha mente-cérebro, onde atua a intuição, com a firme intenção de tornar divertida uma história um tanto pesada, com o maior número possível de brincadeiras com palavras”, diz o autor Flavio de Souza.
“Após a perda de um ente querido, diante do enigma da morte e do nada, um homem sai em busca do sentido da vida, buscando nos livros seu alicerce. Nessa solidão, tornando-se um solitário e voraz leitor de livros para se defender da confusão mental que o invade, passa a encarnar, física e psicologicamente, diversos personagens de ficção, entre os quais, o cavaleiro da triste figura, Dom Quixote. No entanto, sofrerá um profundo e devastador abalo: a morte inesperada de sua mãe. Não reunindo mais forças para recorrer à imaginação e fugir assim da realidade, é por fim tragado por um escuro e profundo abismo, um poço sem fundo, que, milagrosamente, consegue superar e retornar à luz, transformado, renascido. O Homem que Queria Ser Livro fala sobre vida e morte, bem como da necessidade que temos de atar essas duas pontas de nossa existência, de modo a formar um eterno círculo, um eterno retorno. Fala da autossuperação através do amor, de como devemos deixar de ser demasiadamente humanos e tornarmo-nos verdadeiramente humanos. O teatro, para nós, não pode ser apenas um meio de expressão estética, um veículo de uma mensagem qualquer ou um local de mero entretenimento. Precisa ser, sobretudo, uma espécie de ferramenta cirúrgica para uma operação transcerebral, para uma descida até o âmago do Ser, até esse ponto imóvel onde jaz a verdadeira criação. Essa perfuração, essa imersão, essa descida até as profundezas do espírito, é o que deve constituir a única pesquisa fecunda do artista”, diz o diretor Rubens Rusche. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Ficha técnica: Idealização, título e interpretação: Darson Ribeiro. Texto: Flavio de Souza. Direção: Rubens Rusche. Participação especial: Ney Matogrosso (na canção “Coração de Luto”, de Teixeirinha. Assistentência de Direção: Arnaldo D’Avila.Cenário e figurino:Darson Ribeiro.Fotografia: Eliana Souza. Design gráfico: Iago Sartini.Diagramação:Torino Comunicação. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação.Visagismo:Claudio Germano. Design de luz: Rodrigo Souza.Iluminotécnica: Ednei Valdoski LPL Lighting Productions.Operação de luz e som: João Marcos Barbosa. Edição de som:Lalá Moreira DJ. Gravação: Estúdio Alma Sintética (RJ).Trilha sonora: Rubens Rusche.Vozes em off: Arnaldo D’Ávila, Juju Bac, João Marcos Costa, Rodrigo Souza e Cris Broilo.Armazenamento e logística: Personnalite Transportes & Mudanças. Produção: Dr Produções. Realização: Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
Espetáculo: O Homem que Queria Ser Livro
Idealização, título e interpretação: Darson Ribeiro
Texto: Flavio de Souza. Direção: Rubens Rusche. Participação especial: Ney Matogrosso.
Duração: 45 minutos. Gênero: Drama. Classificação: Livre
Programa: Biblioteca Viva
Temporada: de 7 a 31 de março/2019
Local: Bibliotecas Municipais da Secretaria Municipal de Cultura
Ingressos: Grátis
Cronograma de apresentações:
7 de março (quinta, às 14h30) – Biblioteca Vinicius de Moraes
Av. Jd Tamoio, 1119, Cj. José Bonifácio, Itaquera. Tel: (11) 2521-6914
9 de março (sábado, às 14h) – Biblioteca Rubens Borba
Rua Sampei Sato, 440, Ermelino Matarazzo. Tel: (11) 2943-5255
10 de março (domingo, às 11h) – Biblioteca Ricardo Ramos
Pça. Centenário de Vila Prudente, 25, Vila Prudente. Tel: (11) 2273-4860
16 de março (sábado, às 11h) – Biblioteca Narbal Fontes
Rua Cons. Moreira de Barros, 170, Santana. Tel: (11) 2973-4461
17 de março (domingo, às 11h) – Biblioteca Milton Santos
Av. Aricanduva, 5777, Jd. Aricanduva. Tel: (11) 2726-4882
20 de março (quarta, às 14h30) – Biblioteca Raimundo de Menezes
Av. Nordestina, 780, São Miguel Paulista. Tel: (11) 2297-4053
23 de março (sábado, às 14h) – Biblioteca Álvaro Guerra
Av. Pedroso de Moraes, 1919, Pinheiros. Tel: (11) 3031-7784
29 de março (sexta, às 14h) – Biblioteca Prof. Arnaldo Giácomo Magalhães
Rua Restinga, 136, Tatuapé. Tel: (11) 2295-0785
30 de março (sábado, às 14h) – Biblioteca Padre José de Anchieta
Rua Antonio Maia, 651, Perus. Tel: (11) 3917-0751
31 de março (domingo, às 11h) – Biblioteca Lenyra Fraccarolli
Pça. Haroldo Daltro, 451, Vila Nova Manchester, Carrão. Tel: (11) 2295-2295